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sexta-feira, 5 de dezembro de 2025
Comportamento digital

TikTok expõe adolescentes a misoginia disfarçada de autoajuda

Monitoramento revela como o algoritmo da plataforma alimenta discursos conservadores e machistas entre jovens, com efeitos diretos sobre comportamento e relações sociais

Luana Avelarpor Luana Avelar em 14 de julho de 2025
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A aparência inofensiva de vídeos sobre masculinidade, motivação e religião no TikTok esconde uma dinâmica preocupante: meninos adolescentes estão sendo expostos de forma gradual e contínua a conteúdos misóginos e conservadores. Um monitoramento feito por Núcleo Jornalismo e Revista AzMina mostrou que, com poucas interações iniciais, o algoritmo da plataforma passa a recomendar vídeos que reforçam estereótipos de gênero, exaltam a figura masculina dominante e banalizam a violência simbólica contra mulheres.

Durante dois meses, foram criados perfis fictícios de adolescentes de 14 e 15 anos. No início, o conteúdo era neutro, como receitas e tecnologia. Com o tempo, surgiram vídeos sobre hierarquia entre homens e mulheres, críticas ao feminismo e discursos radicais sobre política e religião. Nomes como Renato Amoedo e Diego Corrêa, ambos com milhões de visualizações, aparecem recorrentemente em cortes que circulam sem moderação ou contexto. Termos como “valor do homem” e “mulher de verdade” são repetidos até se tornarem naturalizados.

A influência não para no celular. Professores relatam que falas machistas invadem as salas de aula, onde meninas são alvos de piadas sobre seus corpos. Em casa, mães e irmãs observam mudanças no discurso dos meninos, que passam a defender ideias vistas em vídeos. Segundo especialistas, a repetição de mensagens desse tipo contribui para a construção de uma masculinidade agressiva, que impacta a forma como os jovens se relacionam com o mundo.

Apesar de alegar ter políticas de proteção, o TikTok segue permitindo a circulação desses conteúdos entre menores de idade. O Ministério da Educação e a Autoridade Nacional de Proteção de Dados já investigam os impactos. Enquanto isso, educadores e famílias tentam, sozinhos, frear o avanço da misoginia em rede.

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