Novas estratégias para lidar com a enxaqueca
Revisão de estudos clínicos reforça a eficácia de terapias comportamentais na redução da frequência e intensidade das crises, com resultados promissores em adultos e crianças
A enxaqueca, condição que atinge milhões de pessoas no mundo, segue sendo um desafio para a medicina contemporânea. Mais do que uma simples dor de cabeça, ela impõe limites à rotina de quem convive com crises recorrentes, por vezes incapacitantes. Embora ainda não haja uma explicação definitiva para suas causas, a ciência avança na identificação de caminhos terapêuticos que extrapolam o uso de medicamentos.
Uma ampla revisão publicada na revista científica Headache, em fevereiro de 2025, analisou 63 estudos clínicos randomizados conduzidos ao longo de quase cinco décadas, envolvendo mais de 7.400 participantes entre adultos e crianças. O levantamento apontou que intervenções comportamentais como a terapia cognitivo-comportamental (TCC), o mindfulness e técnicas de relaxamento vêm mostrando eficácia na diminuição da frequência e intensidade das crises, além de promoverem melhorias na qualidade de vida dos pacientes.
Nos adultos, essas práticas foram associadas a uma redução média de até 1,1 dia de enxaqueca por mês. Embora os estudos revisados apresentem limitações metodológicas, como amostras reduzidas e heterogeneidade nos protocolos, os resultados indicam uma direção promissora. Crianças e adolescentes também demonstraram benefícios quando submetidos a programas que combinam TCC, relaxamento e biofeedback.
Na prática clínica, essas estratégias vêm sendo integradas de forma complementar aos tratamentos tradicionais. A combinação de medicamentos e intervenções comportamentais parece ser o caminho mais eficaz e seguro, especialmente diante do crescente alerta sobre o uso excessivo de analgésicos. Abordagens como respiração diafragmática, relaxamento muscular progressivo e controle da reatividade ao estresse se mostram essenciais para reduzir a sobrecarga do sistema nervoso e, por consequência, a propensão às crises.
Além dessas intervenções, mudanças simples no estilo de vida continuam sendo recomendadas como medidas preventivas. Manter uma rotina de sono adequada, praticar atividades físicas regularmente, reduzir o consumo de cafeína e investir em psicoeducação são medidas que, somadas, têm potencial para diminuir o impacto da enxaqueca no cotidiano.