5 livros da literatura goiana que todo leitor precisa ter na estante

Se existe uma coisa que o Cerrado sabe fazer além de dar frutos típicos e pores do sol inesquecíveis, é inspirar boa literatura. Goiás, terra de paisagens que misturam misticismo, resistência e brasilidade, também é berço de grandes nomes da literatura nacional. De versos doces e pungentes a contos cheios de memória, os autores goianos retratam a alma do Centro-Oeste com sensibilidade, força e identidade própria. E se você é daqueles leitores que gostam de descobrir joias da literatura brasileira fora do eixo Rio-São Paulo, esta lista é para você.

Confira, a seguir, cinco obras da literatura goiana que merecem um lugar especial na sua estante e, claro, no seu coração de leitor.

1. Vintém de Cobre – Cora Coralina
Mais que um livro, Vintém de Cobre é uma travessia poética pela alma da mulher do interior, com toda a força, delicadeza e sabedoria que só Cora Coralina sabia expressar. Publicado em 1983, esse livro reúne crônicas, poemas e reflexões que misturam memória, crítica social e cotidiano. Cora, que só teve seu primeiro livro publicado aos 76 anos, mostra aqui sua veia de cronista da vida simples — e absolutamente essencial. Cada texto é um convite à introspecção, à empatia e ao respeito pelas raízes. Leitura obrigatória para quem valoriza uma escrita autêntica, sem ornamentos desnecessários, mas cheia de alma.

2. Meias Confissões de Aninha – Cora Coralina
Nesta obra póstuma, publicada após a morte da autora em 1985, o leitor mergulha ainda mais fundo na intimidade de “Aninha”, alter ego de Cora Coralina. A linguagem é direta, confessional, e carrega toda a força de uma mulher que sobreviveu aos limites do tempo e da tradição. É como se a autora nos entregasse pedaços de sua vida em forma de cartas nunca enviadas. É leitura para saborear com calma, página por página, permitindo que a voz de Cora ecoe como um sussurro necessário na vida moderna, tão acelerada.

3. Tropas e Boiadas – Hugo de Carvalho Ramos
Considerado um marco do regionalismo goiano, Tropas e Boiadas foi publicado em 1914 e continua atual em sua proposta: retratar a vida no sertão com profundidade, realismo e lirismo. O autor, nascido em 1865, foi pioneiro ao colocar o cerrado e o sertanejo como protagonistas da literatura. Em sua escrita, Hugo descreve com riqueza de detalhes as lidas do campo, os vaqueiros, as paisagens e a força do homem comum, sem cair em estereótipos. O livro, que mistura contos, crônicas e memórias, é essencial para compreender o espírito do interior goiano do início do século XX — e também para valorizar a literatura regional como expressão universal.

4. Ermos e Gerais – Bernardo Élis
Bernardo Élis é um dos grandes nomes da literatura brasileira, e Ermos e Gerais é sua obra mais emblemática. Lançado em 1944, o livro reúne contos que exploram o universo dos homens esquecidos, das terras isoladas, dos dilemas morais e sociais do Brasil profundo. A escrita é refinada e cheia de nuances, mas nunca distante do leitor. É uma prosa forte, crítica e sensível que já lhe rendeu reconhecimento dentro e fora do país. A obra venceu o Prêmio José Lins do Rego da Academia Brasileira de Letras e segue sendo uma aula de narrativa curta e envolvente.

5. A Viagem das Chuvas e Outros Contos – Jesus de Aquino Jayme
Nesta coletânea de contos, Jesus de Aquino Jayme, um dos nomes importantes da moderna literatura goiana, constrói narrativas que transitam entre o simbólico e o real. Os contos têm em comum a observação atenta do cotidiano, mas sempre com um toque poético que transforma o simples em algo encantador. A linguagem é limpa, fluida e muito expressiva, revelando um autor que entende tanto de literatura quanto de gente. A Viagem das Chuvas é uma leitura que mistura o concreto da terra com a abstração das emoções humanas, criando um efeito hipnótico em quem lê.

6. Minhas Queridas Formigas – Anatole Ramos
Anatole Ramos, com seu estilo direto e carregado de ternura, nos entrega uma obra sensível e cheia de humanidade. Minhas Queridas Formigas reúne crônicas e reflexões que transitam entre o humor e a melancolia, com observações afiadas sobre o cotidiano, a infância, a memória e as pequenas coisas que, na verdade, sustentam a vida. A escrita do autor é tão acessível quanto sofisticada, oferecendo ao leitor momentos de riso, de silêncio e, principalmente, de identificação. É o tipo de livro que, ao ser fechado, continua reverberando na mente por muito tempo.