SUS amplia tratamento da dermatite atópica com novas terapias gratuitas
Medicações modernas passam a integrar protocolo oficial e ampliam acesso a pacientes com quadros leves a graves
Pela primeira vez, o Sistema Único de Saúde incorporou um conjunto de medicamentos que permite o tratamento completo da dermatite atópica, condição inflamatória crônica da pele que afeta principalmente crianças e adolescentes, mas que pode persistir ou surgir na vida adulta. Com a atualização do protocolo clínico, pacientes de todo o país passam a contar com duas pomadas de alta eficácia e um imunossupressor oral sem custos. A medida representa um avanço inédito na política pública de cuidado dermatológico.
Entre 2024 e 2025, a rede pública realizou mais de meio milhão de atendimentos ambulatoriais relacionados à doença. Antes da mudança, o tratamento oferecido pelo SUS era limitado a pomadas de potência leve e, em casos mais graves, ao uso de ciclosporina. Agora, o protocolo inclui o furoato de mometasona, corticosteroide de potência moderada, o tacrolimo, com ação anti-inflamatória sem os efeitos colaterais típicos dos corticoides, e o metotrexato, indicado para formas graves e resistentes. A nova diretriz propõe uma abordagem mais personalizada e contínua, que contempla todas as fases da doença.
A dermatite atópica interfere diretamente na qualidade de vida. As lesões visíveis, a coceira constante, a dor e a insônia impõem barreiras físicas e emocionais, especialmente em crianças, que muitas vezes enfrentam estigmas e afastamento escolar. O acesso gratuito a terapias mais eficazes diminui desigualdades históricas, amplia o alcance do tratamento especializado e evita que famílias tenham de recorrer ao mercado privado para conseguir alívio. Com essa atualização, o SUS se reposiciona como ferramenta estratégica na democratização da saúde.
O novo protocolo começa a ser aplicado nas unidades básicas de saúde, onde o paciente é avaliado por um profissional da atenção primária. Quando necessário, ele é encaminhado para um especialista, geralmente um dermatologista, que pode prescrever os medicamentos conforme os critérios técnicos. O uso do metotrexato, por ser oral e de ação sistêmica, exige acompanhamento rigoroso, incluindo exames laboratoriais periódicos e ajuste de dosagem conforme a resposta clínica de cada paciente.
Além da medicação, o controle da dermatite atópica exige cuidados diários como hidratação intensiva, banhos rápidos com água morna e uso de produtos não irritantes. A educação de pacientes e cuidadores é parte fundamental do sucesso terapêutico.