Leite inflamatório? Especialistas desmentem mito e destacam benefícios nutricionais
Apesar da desinformação nas redes, evidências científicas mostram que o leite pode ser aliado da saúde óssea e muscular em todas as fases da vida
O leite não inflama o corpo. Essa é a conclusão de uma série de estudos que contestam a ideia, amplamente difundida nas redes sociais, de que o consumo do leite causaria processos inflamatórios no organismo. A crença ganhou força com a popularização de dietas restritivas, mas não encontra respaldo nas principais diretrizes nutricionais internacionais nem na literatura científica revisada por pares.
Segundo a nutricionista, Marcella Tamiozzo, o leite apresenta efeito neutro ou até mesmo protetor sobre marcadores inflamatórios e doenças cardiovasculares. “Estudos globais de revisão indicam que não há fundamento científico para afirmar que o leite seja inflamatório em pessoas saudáveis. As pesquisas que sugerem isso têm amostras limitadas e não resistem à análise em conjunto com o corpo de evidências existente”, explica.
Composto por proteínas de alto valor biológico, cálcio, fósforo, magnésio, vitaminas A, B12 e D, o leite atua diretamente na formação da massa óssea, na imunidade e na função neuromuscular. Para crianças, adolescentes e idosos, os laticínios são aliados no desenvolvimento e na manutenção da densidade óssea. “A recomendação média é de dois a três copos por dia, ajustada de acordo com o perfil nutricional e as necessidades de cada pessoa”, afirma Marcella.
As orientações internacionais reforçam o papel do leite como parte de uma dieta equilibrada. O guia alimentar MyPlate, adotado pelo Departamento de Agricultura dos Estados Unidos (USDA), recomenda a ingestão diária de cerca de 720 mililitros de leite ou derivados para adultos e adolescentes. A recomendação é mantida para diferentes fases da vida, a menos que haja restrições específicas.
Para pessoas com intolerância à lactose, a nutricionista destaca que pequenas quantidades de leite podem ser bem toleradas, especialmente quando fracionadas ao longo do dia ou consumidas junto com outros alimentos. “Produtos fermentados, como queijos curados, iogurtes e kefir, têm menor teor de lactose e são bem aceitos pela maioria. Há também as versões zero lactose, que mantêm os mesmos nutrientes do leite comum”, afirma.
A escolha entre leite integral, semidesnatado ou desnatado deve considerar fatores como o estado de saúde e os objetivos alimentares. O leite desnatado tem menos gordura e calorias, sendo indicado para quem busca controle de peso ou tem doenças cardiovasculares. Já o leite integral pode ser vantajoso para quem precisa de maior saciedade e não possui restrições à gordura.
O debate sobre o leite ilustra como informações desencontradas podem afetar hábitos alimentares e gerar insegurança nutricional. Em vez de seguir modismos digitais, especialistas recomendam que o consumo seja orientado por evidências científicas, preferencialmente com acompanhamento profissional.