Expectativa de vida cresce no Brasil e aumenta cuidados com mobilidade na terceira idade
Com mais brasileiros vivendo além dos 76 anos, especialistas reforçam a importância da saúde osteomuscular para garantir autonomia e bem-estar físico na velhice
Com mais brasileiros vivendo além dos 76 anos, o envelhecimento ativo se tornou um tema cada vez mais presente no dia a dia das famílias. A busca por qualidade de vida na terceira idade vai além do controle de doenças crônicas e envolve também cuidados com o sistema osteomuscular, que garante mobilidade, equilíbrio e independência.
De acordo com o Censo Demográfico 2022, a expectativa de vida ao nascer no Brasil subiu para 76,4 anos. O dado reforça uma tendência já observada em consultórios médicos: o número de pessoas com mais de 60 anos que se preocupam com a saúde dos ossos, músculos e articulações está crescendo. Para o ortopedista Anderson Freitas, médico do Hospital Mater Dei Goiânia e doutor pela Universidade de São Paulo de Ribeirão Preto (USP-RP), essa mudança de comportamento é fundamental para prolongar a autonomia funcional e o bem-estar físico.
“É cada vez mais comum notarmos pacientes da melhor idade aderindo a hábitos saudáveis, praticando atividades físicas e mantendo acompanhamento médico regular”, afirma o especialista, que também é membro titular da Sociedade Brasileira do Quadril (SBQ).
Exercícios leves e rotina equilibrada fazem diferença
Segundo Anderson, a prática de exercícios físicos é uma das principais estratégias para preservar a força muscular e a flexibilidade com o passar dos anos. Atividades como caminhada, yoga, tai chi chuan, alongamentos e hidroginástica estão entre as mais indicadas para idosos. Ele também destaca a importância de exercícios com pesos leves, que ajudam no fortalecimento muscular e na prevenção da perda de massa magra — processo conhecido como sarcopenia.
“Manter uma boa postura e fazer aquecimentos antes das tarefas também ajuda a evitar lesões”, orienta. O médico chama a atenção especialmente para pessoas que mantêm uma rotina ativa, cuidando de netos ou realizando tarefas domésticas. Nestes casos, é essencial respeitar os limites do corpo, usar calçados adequados e evitar sobrecargas.
Outro ponto fundamental está relacionado à alimentação. O especialista recomenda a ingestão de proteínas e alimentos ricos em cálcio, além da exposição moderada ao sol para a absorção da vitamina D, essencial na manutenção da saúde óssea.
Dores e rigidez podem ser sinais de alerta
Mesmo quando não há dores intensas ou episódios de queda, alguns sinais devem acender o alerta. Rigidez articular, inchaço, fraqueza muscular ou dificuldade para realizar atividades simples do dia a dia são indicativos de que algo pode não estar funcionando bem. Nestes casos, o ortopedista destaca a importância de uma avaliação médica. Exames para medir a densidade óssea, por exemplo, ajudam no diagnóstico precoce da osteoporose.
Entre os problemas mais comuns enfrentados por pessoas com mais de 60 anos estão as dores na coluna, o desgaste nas articulações e as fraturas, geralmente causadas por quedas. “O ideal é atuar de forma preventiva”, afirma Anderson. Além da alimentação e da prática de exercícios, ele também ressalta a importância de evitar o tabagismo, fator que impacta diretamente na qualidade do tecido ósseo.
Sobre a possibilidade de frear o desgaste natural do corpo, o ortopedista explica que a perda muscular e a fragilidade dos ossos fazem parte do processo de envelhecimento, mas podem ser retardadas. “Envelhecer com saúde é possível e começa com escolhas diárias. Alimentar-se bem, manter-se ativo e cuidar do corpo são atitudes que prolongam a autonomia”, resume.
A orientação é buscar acompanhamento médico de forma contínua e não apenas diante de dores ou lesões. O cuidado com a estrutura osteomuscular ao longo do tempo é o que contribui para uma vida mais independente e funcional — mesmo na terceira idade.
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