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sexta-feira, 5 de dezembro de 2025
Saúde

Disfagia afeta até 1 em cada 5 idosos e compromete saúde física

A disfagia é caracterizada pela alteração no ato de deglutir, dificultando a ingestão adequada de alimentos e líquidos

Leticia Mariellepor Leticia Marielle em 28 de julho de 2025
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Disfagia afeta até 1 em cada 5 idosos e compromete saúde física. | Foto: Reprodução/Istock

Apesar da ausência de dados oficiais sobre o número total de pessoas com disfagia no Brasil, estudos apontam que a condição é mais comum do que se imagina, sobretudo entre os mais velhos. Acredita-se que até 22% da população com mais de 50 anos enfrentem episódios de dificuldade para engolir ao longo da vida.

A disfagia é caracterizada pela alteração no ato de deglutir, dificultando a ingestão adequada de alimentos e líquidos. Essa limitação pode acarretar desnutrição, desidratação, infecções pulmonares e impactar a saúde emocional dos pacientes. Em idosos institucionalizados, a frequência da condição varia amplamente, atingindo índices entre 5,4% e 83,7%. Já em ambiente hospitalar, a disfagia está presente em aproximadamente 60% dos pacientes idosos.

Dados de inquéritos populacionais revelam que 6,5% da população adulta já apresentou alguma dificuldade de deglutição. A prevalência tende a aumentar com o avanço da idade, sendo comum em pacientes com doenças neurológicas, como acidente vascular encefálico (AVC), paralisia cerebral, Parkinson e Alzheimer.

Mais do que um desconforto físico, a disfagia também pode ter consequências sociais e emocionais. A dificuldade de mastigar ou engolir pode fazer com que o paciente evite refeições em público, resultando em isolamento social e comprometimento da autoestima.

Os sintomas mais comuns incluem engasgos frequentes, tosse ao se alimentar, sensação de alimento parado na garganta, regurgitação, lentidão ao engolir, perda de interesse por comida e emagrecimento.

Especialistas alertam que o diagnóstico precoce e o acompanhamento médico são fundamentais para o controle e tratamento da disfagia. Quando não identificada a tempo, a condição pode evoluir para quadros graves, como pneumonia aspirativa e desnutrição severa.

Disfagia pode ter múltiplas causas

A disfagia é um distúrbio que envolve dificuldade para engolir e pode estar ligada a diversas condições clínicas, exigindo avaliação especializada para diagnóstico preciso e abordagem terapêutica adequada. Suas origens são variadas, indo desde alterações estruturais no sistema digestivo até doenças neurológicas, autoimunes e efeitos colaterais de tratamentos médicos, especialmente os oncológicos.

Entre os fatores mais frequentemente associados ao problema estão disfunções como acalasia, megaesôfago decorrente da Doença de Chagas e Doença do Refluxo Gastroesofágico (DRGE). A condição também pode surgir em decorrência da radioterapia, sobretudo quando realizada na região do pescoço. Pacientes com doenças degenerativas, como Alzheimer e Parkinson, e aqueles com paralisia cerebral ou enfermidades neuromusculares, como Esclerose Lateral Amiotrófica (ELA) e Distrofia Muscular, costumam apresentar sintomas relacionados à deglutição. Casos de Acidente Vascular Cerebral (AVC) também figuram entre as causas mais recorrentes.

No contexto oncológico, a disfagia pode ser provocada tanto pela presença de tumores em áreas como cabeça e pescoço quanto pelos efeitos dos tratamentos, que frequentemente comprometem a mecânica da deglutição. Traumas em regiões como crânio, pescoço ou coluna cervical também são fatores de risco, assim como o envelhecimento, que pode levar à presbifagia, uma forma de disfagia associada ao avanço da idade.

A confirmação do diagnóstico é clínica, realizada por médico especializado, e frequentemente exige exames complementares como endoscopia, radiografia contrastada, videodeglutograma, manometria esofágica e exames de imagem como tomografia ou ressonância magnética. A escolha dos exames depende da análise individual de cada caso.

O tratamento varia conforme a causa identificada. Pode incluir terapia fonoaudiológica, medicamentos, dilatação do esôfago, aplicação de toxina botulínica e, em situações específicas, cirurgia. Casos mais graves, nos quais o paciente não consegue se alimentar com segurança, podem demandar a utilização de sondas alimentares ou gastrostomia.

O acompanhamento geralmente envolve uma equipe multidisciplinar, formada por médicos, fonoaudiólogos, nutricionistas e fisioterapeutas. Essa abordagem integrada é essencial para garantir segurança, reabilitação funcional e qualidade de vida ao paciente.

A classificação da disfagia leva em conta a localização da alteração ao longo do trajeto alimentar e inclui quatro categorias principais: orofaríngea, esofágica, esofagogástrica e paraesofágica. A identificação do tipo é decisiva para guiar o diagnóstico e definir a melhor estratégia terapêutica.

Disfagia orofaríngea

Afeta a fase inicial da deglutição, envolvendo boca e faringe. Está frequentemente associada a doenças neurológicas e musculares, como AVC, ELA e Parkinson. Os sintomas incluem dificuldade para iniciar a deglutição, engasgos, regurgitação nasal e pneumonias de repetição. Pode causar desnutrição, desidratação e infecções respiratórias graves.

Disfagia esofágica

Ocorre na fase esofágica da deglutição, após a passagem do alimento pela boca. Está relacionada a obstruções ou disfunções no esôfago, como estenoses, tumores, acalasia ou inflamações. Os sintomas incluem sensação de alimento preso no esôfago, dor torácica e dificuldade para engolir. Em casos graves, pode levar à aspiração, desnutrição e isolamento social.

Disfagia esofagogástrica

Atinge o esôfago e a região de transição para o estômago. As causas incluem esofagite, estenoses, tumores e distúrbios neuromusculares. Os sintomas são sensação de alimento preso, engasgos, tosse durante as refeições e dificuldade persistente para engolir. Pode resultar em complicações como pneumonia aspirativa e desnutrição se não for tratada.

Disfagia paraesofágica

A disfagia paraesofágica é caracterizada pela dificuldade de engolir provocada por alterações que ocorrem fora do esôfago, mas que acabam interferindo em seu funcionamento. Entre os fatores responsáveis por essa compressão estão o aumento de gânglios linfáticos ou da glândula tireoide, anomalias vasculares, tumores localizados no mediastino e formações estruturais atípicas, como divertículos próximos ao esôfago.

O sintoma mais característico é a dor esofágica, que pode ser percebida em diferentes regiões do tórax. Com o tempo, a condição pode comprometer a ingestão adequada de alimentos e líquidos, levando à desidratação e desnutrição.

O tratamento costuma incluir intervenções focadas na reabilitação da deglutição, como exercícios que fortalecem a musculatura da língua e técnicas de ajuste postural, como mudar a posição da cabeça durante as refeições, com o objetivo de facilitar a passagem dos alimentos.

 

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