Mau hálito e gengivite: o que a escova de dente pode ou não evitar
Um mau hálito persistente também é um sinal de alerta
A limpeza correta dos dentes vai muito além da estética. Segundo especialistas, ela representa uma luta contínua contra as bactérias que se acumulam entre os dentes, nas gengivas e na superfície da língua. Quando não eliminadas, essas bactérias se multiplicam e podem desencadear doenças gengivais sérias.
A halitose, popularmente conhecida como mau hálito, é frequentemente provocada por problemas na própria cavidade oral. Em cerca de 90% dos casos, a causa está associada à gengivite ou à periodontite, uma inflamação mais profunda que pode levar à retração gengival. Os demais 10% decorrem de doenças sistêmicas como diabetes descompensada ou refluxo gástrico, que se manifestam com odores específicos.
Quando as bactérias não são devidamente removidas, elas provocam pequenas lesões na gengiva, resultando em sangramentos, especialmente durante a escovação. Esse processo é característico da gengivite, uma inflamação inicial que, felizmente, ainda é reversível com os cuidados certos.
O alerta dos profissionais é claro: o sangramento não deve ser encarado como sinal para evitar a escovação, mas sim como um aviso de que é preciso reforçar a higiene bucal. Muitas pessoas, por receio de causar mais dor ou dano, evitam escovar as áreas sensíveis, o que apenas favorece a progressão da inflamação.
O ideal é escovar os dentes com atenção e sem distrações. O ato de escovar apressadamente ou enquanto realiza outras tarefas compromete a eficácia da limpeza. Estar diante de um espelho e distribuir o tempo de escovação de forma equilibrada entre os dois lados da boca, considerando a mão dominante, pode evitar áreas negligenciadas.
O uso de escovas interdentais é altamente recomendado. Esses instrumentos são mais eficientes do que o fio dental convencional na remoção da placa bacteriana entre os dentes, especialmente nas regiões próximas à gengiva.
Outra orientação importante é quanto à técnica de escovação. Em vez do movimento horizontal com a escova em ângulo reto, que pode agravar a retração gengival, o correto é posicioná-la a cerca de 45 graus em relação à linha da gengiva, com movimentos suaves e direcionados. Cada dente deve ser limpo em todas as suas superfícies: a externa, a interna e a de mastigação. O tempo mínimo recomendado é de dois minutos.
Quanto à frequência, escovar os dentes duas vezes ao dia é o ideal. Mas, se isso não for possível, priorize a escovação noturna. Durante o sono, o fluxo salivar diminui, o que facilita a ação das bactérias. Portanto, limpar os dentes antes de dormir é fundamental para evitar danos maiores.
Outra recomendação que contraria hábitos comuns é quanto ao momento da escovação. Após o consumo de alimentos ácidos, como frutas cítricas ou café, é melhor esperar antes de escovar. A acidez amolece temporariamente o esmalte e a dentina, tornando-os mais vulneráveis à escova. Nesses casos, o indicado é enxaguar a boca com água e aguardar alguns minutos.
Quanto à escova ideal, opte por cerdas de rigidez média. As pastas de dente, por sua vez, não precisam ser caras. A presença de flúor é o principal fator de proteção, pois esse mineral fortalece o esmalte e combate a formação de cáries. Após a escovação, o mais indicado é cuspir o excesso, mas evitar enxaguar a boca, permitindo que o flúor permaneça agindo.
Em casos de gengivite inicial, o uso de enxaguantes bucais pode ser útil, desde que não substituam a escovação e não sejam usados imediatamente após o creme dental, para não remover o flúor.
A evolução da periodontite pode resultar em consequências mais graves: a formação de espaços entre os dentes, mobilidade dentária e, em estágios avançados, até a perda de dentes. Um mau hálito persistente também é um sinal de alerta. Diante desses sintomas, a recomendação é procurar um dentista o quanto antes.
Para manter o hálito fresco, algumas práticas simples fazem diferença: ingerir bastante água para evitar a boca seca, e utilizar um raspador de língua diariamente para remover resíduos de alimentos, bactérias e células mortas que se acumulam na superfície da língua.