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sexta-feira, 5 de dezembro de 2025
Discurso eleitoral

Caiado dispara que crise causada por tarifa dos EUA agrada Lula

Chefe do Executivo goiano usa rede nacional para impulsionar discurso eleitoral durante entrevista ao jornal O Globo em especial de 100 anos do veículo

Marina Moreirapor Marina Moreira em 2 de agosto de 2025
2 abre Foto Walter Folador Secom GO
João Campos (PSB-PE) e Ronaldo Caiado participaram do “Diálogos - O Globo 100 anos” nesta sexta

O governador Ronaldo Caiado (UB) reforçou o tom de seu discurso como pré-candidato à presidência em entrevista ao O Globo, nesta sexta-feira (1º), que teve o goiano e o prefeito de Recife e presidente nacional do PSB, João Campos, como convidados. O chefe do Executivo goiano ressaltou pontos inerentes às conjunturas política e econômica nas quais o Brasil se encontra. A percepção de Caiado, no que diz respeito aos reflexos das sanções aplicadas por Donald Trump ao Brasil, é que Lula se interessa por essa situação, uma vez que o mesmo ganhou popularidade ao debater com o presidente norte-americano sobre as ameaças e tarifações impostas ao Brasil. 

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“Essa crise interessa ao Lula mantê-la, porque teve crescimento de popularidade nas pesquisas. Mas essa é uma crise que pode impor a nós sérias consequências econômicas, não pode ficar de brincadeira”, disse Caiado em entrevista ao O Globo. Foram feitas tentativas de diálogo entre Lula e autoridades estadunidenses, mas o governo brasileiro não conseguiu fazer contato direto com os EUA e nem recebeu retorno. As tentativas permanecem por meio da interlocução entre o vice-presidente da República, Geraldo Alckmin (PSB), o chanceler Mauro Vieira e o ministro da Fazenda Fernando Haddad (PT). 

Para o sociólogo Jones Matos, “o que os EUA tentam fazer é uma política totalmente equivocada, porque ela está cheia de discurso político e está associada a interferência na política brasileira, sobretudo no judiciário brasileiro”. “É inaceitável que os EUA criem um ambiente desse.” Ao contrário do governador Caiado, que diz acreditar que a crise ocasionada pelo tarifaço é algo que interessa o presidente Lula, Jones discorda ao falar sobre a origem da crise. 

“Quem produziu essa crise foi justamente a extrema direita brasileira, que vem a todo momento criando uma desestabilização no governo, fazendo com que o governo se fragilize nesse campo da economia. Agora, onde estão os governadores que apoiam o Bolsonaro? [Romeu] Zema (Novo-MG), Caiado, Ratinho Júnior (PSD-PR), Tarcísio de Freitas (Republicanos-SP)? Cadê o discurso nacionalista deles? Eu não vi nenhum discurso deles defendendo os interesses do País, com uma postura mais nacionalista, porque esse é o discurso que eles fazem”, expressa o sociólogo. 

Ruptura de relações partidárias 

Caiado também afirmou que o União Brasil, do qual o governador é presidente estadual, deve romper relações com o Planalto de forma definitiva. “A conversa que tive na semana passada com o Antônio de Rueda [presidente nacional do UB] e com [o senador] Ciro Nogueira [presidente nacional do PP] é que a primeira reunião que vamos ter com a executiva deverá ser para a ruptura definitiva do partido com a estrutura de governo. Não dá mais para ficar numa situação híbrida”, declarou Caiado ao O Globo. “Com essa reunião, a gente espera entregar cargos e anunciar que, realmente, a gente vai lançar uma pré-candidatura para disputar em 2026”, diz o governador goiano. 

Ao analisar o discurso de Caiado na entrevista, o cientista político Lehninger Mota afirma que o chefe do Executivo fez falas rasas sobre a atuação da atual gestão da Presidência da República frente às sanções dos EUA. “Em um primeiro momento, o Caiado faz uma crítica de forma rasa, pois ele diz que o governo Lula não quer acabar com a crise porque ele se interessa pela popularidade que tem ganhado. Mas a questão é que o Caiado tenta equilibrar o discurso de várias formas.” 

Continua Mota: “Quando Caiado coloca que o União Brasil, em algum momento, vai romper com o governo, você tem aí uma probabilidade pequena disso acontecer, porque nós sabemos que esses partidos de centro dificilmente vão tomar uma decisão agora”. 

“Agora, existe um fator que precisa ser analisado: a maioria das pessoas é contra as tarifas aplicadas pelo Trump e o Caiado, para fazer um discurso equilibrado, precisa defender a soberania do Brasil. Então, ele precisa defender a soberania do Brasil ao mesmo tempo em que o governador ainda sonha com o apoio de Bolsonaro, o que impulsionaria muito a sua pré-candidatura”, pontua o cientista político. (Especial para O HOJE) 

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