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sexta-feira, 5 de dezembro de 2025
pesquisa

Maioria dos brasileiros abandona os livros e prioriza a internet no tempo livre

Nova edição da pesquisa Retratos da Leitura revela que o Brasil tem mais não leitores do que leitores pela primeira vez desde 2007

Luana Avelarpor Luana Avelar em 4 de agosto de 2025
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Enquanto a internet captura a atenção, os livros seguem esperando leitores. Foto: FreePik

A 6ª edição da pesquisa “Retratos da Leitura no Brasil”, lançada pelo Instituto Pró-Livro, confirma uma inversão histórica no hábito cultural dos brasileiros: pela primeira vez desde o início da série em 2007, há mais não leitores (53%) do que leitores (47%) no país. O levantamento indica que a maioria da população não leu sequer um trecho de livro nos três meses anteriores à pesquisa. Em contrapartida, 81% dos brasileiros disseram usar o tempo livre na internet, enquanto apenas 20% afirmaram dedicar esse tempo à leitura de livros.

A preferência pela conectividade se intensificou nos últimos anos. Em 2015, apenas metade dos entrevistados dizia recorrer à internet no tempo livre. Hoje, esse número é maior, especialmente entre pessoas com ensino superior e maior poder aquisitivo: 91% dos que têm nível universitário priorizam o uso da internet, e entre eles, somente 35% leem livros em momentos de lazer. A faixa etária de 14 a 39 anos também acompanha essa tendência. Mais de 90% desse grupo acessa redes sociais em seu tempo livre, enquanto os índices de leitura nessa mesma faixa etária caíram cinco pontos percentuais.

A obra “Retratos da Leitura no Brasil 6” reúne análises de 18 especialistas sobre a retração nos hábitos de leitura. Entre as justificativas apresentadas pelos não leitores, predominam a falta de paciência, o desinteresse e a alegação de que não há tempo. As respostas evidenciam uma desvalorização generalizada da leitura como prática cotidiana. Segundo os dados, 46% dizem não ter tempo para ler, 36% relatam dificuldades como falta de concentração ou compreensão do texto, e apenas 38% afirmam não enfrentar qualquer obstáculo na leitura, índice inferior aos 48% registrados em 2007.

O perfil dos não leitores também foi delineado pela pesquisa. Entre os que afirmam não ter lido nenhum livro recentemente, 6% são analfabetos ou declaram não saber ler, e 17% cursaram até a 4ª série do Ensino Fundamental, faixa em que os estímulos formais à leitura ainda são incipientes. A proporção de pessoas que não gostam de ler cresceu de 22% para 29%, enquanto o número de indivíduos que dizem gostar um pouco da leitura caiu de 31% para 26%.

Ao mesmo tempo em que os livros perdem espaço, a internet avança sobre o tempo livre dos brasileiros. A pesquisa mostra que os mesmos segmentos sociais com maior escolaridade e renda são os que mais consomem conteúdo digital e, paradoxalmente, os que menos mantêm hábitos regulares de leitura de livros. A leitura, mesmo em sua definição mais ampla, um trecho de qualquer gênero, impresso ou digital, atinge menos da metade da população com mais de cinco anos de idade.

O declínio não se restringe aos números, mas atinge o próprio significado da leitura. Já não se trata apenas de ler menos, mas de abandonar o esforço de compreender, de conectar ideias, de construir sentido a partir do texto. Nesse cenário, o livro vai cedendo espaço à dispersão digital, revelando uma sociedade mais conectada, porém menos disposta ao exercício da atenção e da crítica.

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