Condições de trabalho e higiene em unidades de saúde de Goiânia geram denúncias
O sindicato recebeu denúncias de usuários das UPAs Jardim Novo Mundo, Chácara do Governador, Jardim América e o Cais de Campinas
Um vídeo que circula nas redes sociais nesta semana mostra familiares de pacientes supostamente lavando o banheiro de uma unidade de saúde em Goiânia, gerando debate sobre a estrutura e a higiene nas Unidades de Pronto Atendimento (UPAs) da capital. O caso teria ocorrido na UPA Jardim Novo Mundo, uma das unidades citadas em denúncias recebidas pelo Sindicato dos Trabalhadores do Sistema Único de Saúde no Estado de Goiás (Sindsaúde), que aponta falhas recorrentes nas condições sanitárias e administrativas de diversos postos da rede municipal.
Em nota pública, o Sindsaúde afirmou que a situação envolvendo falta de materiais de limpeza e higiene não é isolada. Segundo o sindicato, denúncias semelhantes já haviam sido registradas há quatro meses na UPA Jardim América. Ainda de acordo com a entidade, familiares de pacientes teriam comprado produtos e colaborado com a limpeza das unidades diante da suposta ausência de serviços adequados. A entidade também apontou a existência de relatos envolvendo superlotação, falta de profissionais, estrutura precária e atraso na nomeação de novos gestores.
Entre as unidades mencionadas nas denúncias recebidas pelo Sindicato estão as UPAs Jardim Novo Mundo, Chácara do Governador, Jardim América e o Cais de Campinas. Além disso, o sindicato informou que as denúncias foram enviadas ao Ministério Público Estadual (MPGO), ao Tribunal de Contas dos Municípios (TCM-GO), ao Conselho Municipal de Saúde e ao Ministério Público do Trabalho (MPT), que, segundo a presidente do sindicato, já teria ingressado com algumas ações civis públicas.
O Sindsaúde também destacou preocupação com a não convocação de profissionais aprovados no concurso público vigente (Edital nº 01/2020), apesar da demanda elevada e de estudos do Departamento Intersindical de Estatística e Estudos Socioeconômicos (Dieese) que, segundo ela, indicariam viabilidade para novos investimentos.
A equipe de reportagem esteve na UPA Jardim Novo Mundo e ouviu denuncias dos pacientes acerca da suposta demora para ser atendido nas unidades de saúde de Goiânia.
Dentre eles, um morador de Goiânia que preferiu não se identificar relatou ter procurado atendimento na UPA Jardim Novo Mundo, mas não foi atendido. Segundo ele, no momento da visita à unidade, não havia profissionais realizando a triagem de fichas, o que o impediu de ser atendido, mesmo estando com sintomas de uma crise alérgica.
Em resposta às críticas, a Secretaria Municipal de Saúde de Goiânia (SMS) informou que desde o início da atual gestão foram contratados mais de 280 profissionais para recompor as equipes das unidades de urgência e emergência, da atenção básica e do Serviço de Atendimento Móvel de Urgência (SAMU).
Sobre a limpeza das unidades, a pasta esclareceu que o serviço é de responsabilidade da empresa terceirizada Loc Service, contratada ainda na gestão anterior. A SMS declarou ter notificado a empresa e convocado os gestores da corporação para prestar esclarecimentos. Um processo administrativo foi aberto para apurar a prestação dos serviços e possíveis falhas na entrega de materiais de limpeza. A secretaria informou que a apuração pode resultar na rescisão contratual e impedir a empresa de firmar novos contratos com o poder público. A reportagem tentou contato com a Loc Service por meio do número disponível publicamente, mas não obteve retorno. O espaço permanece aberto para manifestação da empresa.