Consumo diário de refrigerante diet pode elevar em 38% o risco de diabetes tipo 2
Embora o diabetes tipo 2 não tenha cura, é possível controlar a doença
Embora por muito tempo tenham sido promovidos como alternativas mais saudáveis aos refrigerantes tradicionais, os refrigerantes diet agora voltam a ser questionados por especialistas. Um estudo liderado pela Universidade Monash, na Austrália, revelou que o consumo diário de uma lata de refrigerante diet pode aumentar em 38% o risco de desenvolver diabetes tipo 2, índice superior ao observado entre os consumidores de refrigerantes açucarados, cujo risco sobe 23%. Os dados foram publicados na revista científica Diabetes & Metabolism e desafiam a crença amplamente difundida de que bebidas adoçadas artificialmente seriam mais seguras para a saúde.
A pesquisa analisou dados do Estudo de Coorte Colaborativa de Melbourne, também conhecido como Saúde 2020, com mais de 36 mil adultos entre 40 e 69 anos acompanhados ao longo de quase 14 anos. Os resultados foram ajustados para variáveis como alimentação, prática de exercícios, nível educacional e histórico clínico, reforçando a consistência das conclusões.
Os autores do estudo apontam que os adoçantes artificiais frequentemente utilizados nessas bebidas, como aspartame, sucralose e sacarina, podem interferir negativamente no metabolismo da glicose. Testes revelaram que o consumo elevado dessas substâncias pode provocar respostas de insulina semelhantes às observadas com o açúcar comum. Além disso, há evidências de que o uso regular de adoçantes artificiais altera a composição do microbioma intestinal, afetando diretamente a tolerância à glicose em um curto espaço de tempo.
As descobertas também questionam o papel dos refrigerantes diet no controle de peso. Apesar de o termo “diet” remeter à ideia de uma alimentação equilibrada, os dados não mostram uma relação significativa com perda de peso ou prevenção da obesidade. Em artigo publicado no site The Conversation, os pesquisadores destacam a análise de um estudo da Organização Mundial da Saúde (OMS), divulgado em 2022. Nele, ensaios clínicos mostraram apenas uma leve perda de peso em quem utilizou adoçantes artificiais, enquanto estudos observacionais apontaram aumento no índice de massa corporal e risco 76% maior de obesidade entre os consumidores regulares dessas substâncias.
Diante desses dados, a própria OMS recomenda que os adoçantes artificiais não sejam utilizados como recurso para emagrecimento. A organização sugere que opções como água, infusões naturais, água com gás, chás de ervas e leites sejam priorizadas como formas mais seguras e saudáveis de hidratação.
Para os autores da pesquisa australiana, os resultados devem servir de alerta para políticas públicas e estratégias de prevenção ao diabetes tipo 2. O consumo frequente de bebidas com adoçantes artificiais, longe de ser uma escolha inofensiva, pode representar um fator de risco considerável para a saúde metabólica da população.
Diabetes tipo 2
O diabetes tipo 2 é uma doença crônica que se desenvolve ao longo do tempo e está relacionada à resistência do corpo à insulina, hormônio responsável por regular os níveis de glicose no sangue. Essa condição provoca o aumento do açúcar circulante e pode causar sintomas como sede excessiva, boca seca, vontade frequente de urinar, fadiga intensa e maior necessidade de ingestão de água.
Diferente do diabetes tipo 1, que geralmente surge na infância e tem origem autoimune, o tipo 2 é resultado, em grande parte, de hábitos de vida inadequados ao longo dos anos. O consumo elevado de carboidratos e a falta de atividade física estão entre os principais fatores que contribuem para o desenvolvimento da doença.
O tratamento depende do grau de alteração nos níveis de glicose e pode variar desde mudanças na alimentação e na rotina até o uso de medicamentos. Em alguns casos, o controle pode ser feito apenas com ajustes na dieta e na prática regular de exercícios. Quando isso não é suficiente, o médico pode prescrever antidiabéticos orais ou, em quadros mais avançados, o uso de insulina.
Embora o diabetes tipo 2 não tenha cura, é possível controlar a doença e evitar complicações mais graves. O diagnóstico precoce é fundamental, mas os sintomas nem sempre são facilmente reconhecidos. Entre os sinais mais comuns estão visão embaçada, formigamento em extremidades, infecções recorrentes, feridas de cicatrização lenta e episódios frequentes de infecção urinária ou candidíase.
A principal forma de prevenção e controle continua sendo a adoção de um estilo de vida mais saudável. Isso inclui alimentação balanceada, com redução no consumo de açúcares e carboidratos simples, prática regular de atividades físicas, ao menos três vezes por semana, e a perda de peso, especialmente em pessoas com sobrepeso ou obesidade.