Estudo aponta que terapia do riso reduz ansiedade e eleva satisfação com a vida
Meta-análise internacional revela que prática influencia hormônios ligados ao estresse e ao bem-estar
Rir pode ser mais do que um reflexo diante de algo engraçado. Segundo um estudo publicado no final de julho no Journal of Happiness Studies, a terapia do riso — também chamada de risoterapia — apresenta efeitos na redução da ansiedade e no aumento da satisfação com a vida. A prática, já utilizada como terapia complementar em pacientes com depressão e em cuidados paliativos, envolve exercícios e atividades que estimulam o riso de forma intencional, explorando o bom humor como ferramenta de saúde física e mental.
A pesquisa foi conduzida por especialistas da Universidade de Jaén, na Espanha, que realizaram uma meta-análise de 33 estudos desenvolvidos em países da América, Europa, Ásia e Oriente Médio. As investigações incluíram públicos variados: estudantes de enfermagem, pacientes em cuidados paliativos, pessoas submetidas a cirurgias ou fertilização in vitro, além de indivíduos diagnosticados com depressão ou burnout.
Entre as técnicas avaliadas, a laughter yoga — ou yoga do riso — se destacou com os resultados mais consistentes. Essa modalidade combina exercícios de respiração profunda com risadas induzidas, promovendo alterações fisiológicas capazes de reduzir o cortisol, hormônio liberado em situações de estresse, e de aumentar os níveis de endorfinas, associadas à sensação de prazer e bem-estar.
De acordo com os autores, a redução da ansiedade observada nos participantes e a elevação nos índices de satisfação com a vida indicam que a terapia do riso pode ter papel relevante como complemento a tratamentos tradicionais. O efeito não depende de estímulos externos, como piadas ou comédia, mas de técnicas que induzem o riso voluntário, o que, por mecanismos neurofisiológicos, desencadeia respostas semelhantes às provocadas pelo riso espontâneo.
O trabalho reforça a importância de intervenções não farmacológicas no cuidado com a saúde mental, especialmente em um contexto de aumento global nos índices de ansiedade e estresse. Os pesquisadores sugerem que programas institucionais e comunitários possam incorporar a risoterapia, adaptando a prática a diferentes faixas etárias e condições clínicas, como forma de ampliar o acesso a recursos de promoção de bem-estar emocional.
Para além do benefício imediato, o estudo aponta que o hábito de rir com regularidade pode contribuir para a construção de uma percepção mais positiva da vida, fortalecendo a resiliência emocional e oferecendo uma via de cuidado com baixo custo e alta aplicabilidade.