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sexta-feira, 5 de dezembro de 2025
Saúde

Parassonias: distúrbios do sono que afetam crianças e adultos

O sonambulismo leva a pessoa a levantar-se e caminhar durante o sono, podendo realizar ações mais complexas

Leticia Mariellepor Leticia Marielle em 19 de agosto de 2025
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Parassonias: distúrbios do sono que afetam crianças e adultos. | Foto: Freepik

Parassonias são distúrbios comportamentais que ocorrem antes, durante ou ao despertar do sono. Elas interrompem o descanso e provocam sintomas como cansaço diurno e ansiedade na hora de dormir. Entre os principais tipos estão sonambulismo, terrores noturnos, bruxismo, pesadelos e distúrbios de movimento, que se manifestam em diferentes fases do sono.

A classificação segue o estágio em que surgem. As parassonias relacionadas ao sono não-REM (NREM), comuns na infância, aparecem nos três primeiros estágios e causam despertares parciais. Nesses episódios, a pessoa pode manter os olhos abertos, falar ou agir inconscientemente, sem lembrar do ocorrido no dia seguinte. Já as parassonias associadas ao sono REM, fase em que predominam os sonhos e há movimentos rápidos dos olhos, tendem a acontecer no fim da madrugada e são mais facilmente recordadas pelo indivíduo.

O sonambulismo, típico da terceira fase do sono profundo NREM, leva a pessoa a levantar-se e caminhar durante o sono, podendo realizar ações mais complexas, como pegar objetos ou tentar sair de casa. Ocorre com maior frequência entre 4 e 8 anos e é mais comum em meninas. Recomenda-se evitar fatores desencadeantes e manter higiene adequada do sono. Em casos específicos, o médico pode prescrever ansiolíticos ou antidepressivos. Despertar o sonâmbulo não é indicado, pois pode gerar confusão e até reações agressivas.

Outro distúrbio NREM, o terror noturno, acomete principalmente crianças de 3 a 7 anos. Caracteriza-se por choro, gritos, micção involuntária ou corridas pelo ambiente, sem que a criança desperte de fato. Os episódios duram segundos ou minutos, geralmente na terceira fase do sono profundo, e não são lembrados ao amanhecer. O manejo envolve manter um ambiente seguro e tranquilo, sem acordar a criança durante a crise.

A enurese noturna, perda involuntária de urina durante o sono profundo, é mais comum em meninos acima de 5 anos. A psicoterapia comportamental apresenta bons resultados, aliada à restrição de líquidos antes de dormir. Em alguns casos, o pediatra pode prescrever medicamentos como vasopressina, desmopressina ou oxibutinina.

O transtorno alimentar relacionado ao sono, também NREM, faz com que a pessoa coma ou beba dormindo, sem lembrar ao despertar. Além do risco de ganho de peso, há perigo de ingestão de alimentos crus, congelados, ração ou até produtos de limpeza. O tratamento inclui acompanhamento psiquiátrico e, quando necessário, uso de antidepressivos, além de barreiras físicas como cadeados em geladeiras e armários.

Já o despertar confusional, comum em crianças entre 2 e 5 anos, surge nas primeiras horas da noite e dura de 5 a 15 minutos. Durante o episódio, há desorientação, respostas lentas e perda de memória, e a criança raramente se lembra de ter acordado. Em geral, o quadro desaparece até os 5 anos, mas, se persistir ou comprometer a qualidade de vida, deve ser avaliado por um pediatra. Evitar medicamentos que alterem o sono e manter uma rotina estável são medidas preventivas.

A sexônia, ou comportamentos sexuais anormais durante o sono, é uma parassonia associada à fase não-REM (NREM) caracterizada pela prática de atos sexuais sem consciência. Durante os episódios, a pessoa pode ter relações sexuais, mas não se recorda do ocorrido ao despertar. Esse distúrbio tende a manifestar-se em fases mais avançadas das parassonias e, em alguns casos, está ligado a outras condições, como a síndrome das pernas inquietas ou a apneia obstrutiva do sono. O tratamento geralmente envolve o uso de ansiolíticos prescritos por um especialista em medicina do sono, podendo incluir, quando necessário, terapias para a apneia, como o uso de CPAP.

Outro distúrbio comum é o pesadelo, episódio perturbador que ocorre predominantemente na fase REM do sono. Embora mais frequente em crianças e adolescentes, pode surgir em qualquer idade. Os pesadelos podem acontecer sem motivo aparente, mas também podem ser desencadeados por situações de medo, estresse, ansiedade, uso de determinados medicamentos, distúrbios respiratórios, transtornos psiquiátricos ou estresse pós-traumático. A psicoterapia com técnicas comportamentais apresenta bons resultados nos casos recorrentes. Situações graves podem requerer acompanhamento psiquiátrico, com possibilidade de prescrição de fármacos como a prazosina, especialmente quando os pesadelos estão associados a traumas.

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