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sexta-feira, 5 de dezembro de 2025
MandaVê

De uma mala de quinze dias a uma vida nova em Goiânia

No podcast MandaVê, Ana Brito relembra a mudança definitiva, a reconstrução pessoal e a escolha pela autenticidade em um mercado digital movido por métricas

Luana Avelarpor Luana Avelar em 20 de agosto de 2025
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Na última segunda-feira (18), o podcast MandaVê, conduzido por Juan Allaesse, recebeu Ana Brito, empresária e criadora de conteúdo que transformou crises pessoais e rupturas em narrativa pública. Aos 28 anos, ela se firmou como referência para mulheres em processos de transição, combinando experiência no marketing digital e espiritualidade em um cenário dominado por métricas, mas carente de autenticidade.

Da Serra ao digital

Natural da Serra Gaúcha, Ana passou parte da juventude entre Taquara e cidades vizinhas, antes de mudar-se para Pelotas para cursar Conservação e Restauração de Bens Culturais Móveis. A pandemia interrompeu o projeto acadêmico e a conduziu ao ambiente digital. Sem formação específica, aprendeu a operar tráfego pago, criar sites e administrar redes sociais.

O início foi discreto, atendendo pequenas campanhas de profissionais de saúde. Rapidamente, contudo, assumiu orçamentos de grande porte em lançamentos digitais, chegando a gerenciar verbas milionárias. O trabalho trouxe reconhecimento, mas também um desgaste evidente: jornadas extensas, pressão constante por resultados e a ausência de fronteiras entre vida pessoal e profissional.

A mala de quinze dias

O ponto de ruptura veio em fevereiro de 2024. Com uma mala preparada para duas semanas, Ana deixou o Rio Grande do Sul e desembarcou em Goiânia. A mudança, inicialmente temporária, coincidiu com o fim de um relacionamento e tornou-se definitiva. Em pouco tempo, precisou lidar com a solidão de uma cidade desconhecida, o desafio de reerguer a empresa e a necessidade de manter a estabilidade emocional diante de uma vida em transição.

Em julho, conseguiu buscar suas gatas de estimação no Sul, gesto simbólico que marcou o enraizamento no novo território. A partir daí, iniciou um processo de reorganização da rotina, reestruturação da empresa e aprofundamento espiritual. No MandaVê, relembrou o impacto de entrar em um apartamento vazio, com o peso de começar do zero, e a decisão de encarar o medo como parte do caminho.

Fé como estratégia

A consolidação como criadora de conteúdo não se deu apenas pela técnica acumulada em anos de trabalho no marketing digital. A virada aconteceu quando decidiu expor a própria vulnerabilidade: o uso de medicamentos para suportar a pressão, as crises de solidão, os pensamentos intrusivos e, sobretudo, a descoberta de uma fé que passou a organizar sua vida.

No podcast, destacou que sua escolha foi arriscada. Falar de espiritualidade em redes dominadas por métricas de engajamento, somado ao fato de se identificar como mulher lésbica, parecia um caminho fadado à rejeição. Mas foi justamente ao narrar esse dilema que encontrou ressonância. A autenticidade tornou-se diferencial e atraiu uma comunidade em busca de histórias reais.

O peso da viralização

Ao comentar a lógica das redes, Ana criticou a superficialidade de conteúdos que frequentemente atingem milhões de visualizações. Para ela, viralizar apenas pelo recurso a modismos pode aprisionar criadores em papéis que não correspondem à própria identidade. Defendeu que o alcance deve estar vinculado à coerência entre mensagem e vida — posição que reforça sua recusa em pautar o trabalho apenas pela lógica do algoritmo.

Esse ponto de vista foi abordado ao longo do episódio: o digital, para Ana, não é um palco de máscaras, mas um espaço em que o risco de ser verdadeiro pode render frutos mais duradouros do que a busca por números imediatos.

Uma voz em ascensão

Hoje, aos 28 anos, Ana vive há um ano e meio em Goiânia. No início de 2025, um vídeo em que relatava esse processo viralizou, expandindo sua visibilidade nacional e consolidando-a como referência para mulheres em transição de vida. Mais do que números, Ana passou a defender uma presença digital que reflita coerência entre vida e mensagem. Essa escolha, feita em meio a rupturas pessoais e profissionais, a projetou como uma voz em ascensão em um cenário saturado de promessas fáceis.

 

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