Mais mulheres, menos homens
PNAD Contínua 2024 mostra o menor índice histórico de homens por mulheres no Brasil
O Brasil entrou em um novo patamar demográfico: segundo a PNAD Contínua 2024, divulgada pelo IBGE, há apenas 92 homens para cada 100 mulheres. Trata-se do menor índice já registrado e de um processo de feminilização que se intensifica ano após ano.
Embora meninos ainda nasçam em número superior, a vantagem se dissolve com o tempo. As estatísticas revelam que homens morrem mais cedo e em maior volume, vítimas de violência, acidentes de trânsito e doenças cardiovasculares, além da resistência em buscar atendimento médico. “A diferença se acentua com a idade”, explicou o pesquisador William Kratochwill, em entrevista ao Terra.
O retrato é ainda mais contundente entre os idosos. Acima dos 60 anos, a discrepância explode: no Rio de Janeiro, a razão é de 70 homens para cada 100 mulheres; em São Paulo, 77. A média nacional é de 80. O país envelhece com uma maioria feminina cada vez mais ampla.
Não se trata de um movimento recente. Em 2012, eram 99 homens para cada 100 mulheres. A queda foi gradual até 2018 e se acentuou nos últimos anos, culminando no dado atual. A estatística, porém, vai além da contagem: antecipa impactos sociais e políticos de grande escala.
A maior longevidade feminina, somada ao rápido envelhecimento populacional, remodela dinâmicas familiares e econômicas. Mulheres idosas acumulam jornadas de cuidado, enfrentam risco de solidão e sofrem desigualdades de renda e aposentadoria. O quadro impõe ao Estado a urgência de políticas públicas robustas ao gênero.