Racismo provoca desistência do Sesi-SP em final sul-americana
Equipe deixa de disputar decisão na Argentina após punição branda a agressor; gesto desencadeia solidariedade de clubes e questiona eficácia das sanções
A cena que marcou a final da Super Liga Sul-Americana de polo aquático, em Buenos Aires, no último domingo (24), não foi um gol, tampouco uma defesa espetacular. O episódio central foi o abandono da equipe do Sesi-SP da partida decisiva depois que um de seus atletas foi alvo de ofensas racistas. O ato, testemunhado por jogadores e reconhecido pelo árbitro, desencadeou protestos imediatos e apoio de clubes brasileiros, deslocando o foco da competição para o combate à discriminação.
O caso ocorreu durante o confronto final, quando um adversário proferiu insultos contra o atleta do Sesi-SP. A reação da organização se limitou à suspensão do agressor por apenas uma hora, punição considerada irrisória pelos brasileiros. Diante da decisão, o Sesi-SP optou por não disputar a final contra o Club de Gimnasia y Esgrima, de Buenos Aires, em sinal de repúdio. A atitude recebeu respaldo imediato da Associação Bauruense de Desportes Aquáticos (ABDA), que também se recusou a entrar em quadra.
Em nota oficial, o Sesi-SP destacou que a medida foi tomada para “combater com firmeza todas as formas de discriminação no ambiente esportivo” e anunciou que avalia medidas jurídicas para responsabilizar o agressor. A ABDA, por sua vez, reforçou que não basta manifestar repúdio de maneira protocolar: é preciso enfrentar o racismo com atitudes práticas e contundentes, mesmo que isso implique abrir mão de conquistas esportivas.