Associação pede que Trump atue em venda de unidade de níquel em Goiás para chineses
Entidade americana alerta para riscos de concentração de mercado e impacto na transição energética com a venda da planta localizada em Goiás
Uma organização empresarial dos Estados Unidos solicitou ao governo do presidente Donald Trump que acompanhe e interfira na venda da unidade de níquel da Anglo American em Barro Alto, em Goiás, para uma companhia chinesa. O pedido foi feito pelo Instituto Americano de Aço (American Steel Institute – ASI), que considera o minério essencial para setores estratégicos da economia global.
A transação envolve a CMOC International, braço da China Molybdenum, que já atua no Brasil no segmento de mineração. A empresa é apontada como uma das maiores produtoras mundiais de metais, incluindo cobre e níquel, ambos considerados insumos fundamentais na transição energética e na fabricação de baterias.
Segundo a ASI, o avanço de empresas chinesas no controle de reservas minerais em países da América Latina pode gerar riscos de concentração de mercado. A entidade enviou carta ao Escritório do Representante de Comércio dos Estados Unidos (USTR, na sigla em inglês) e ao Comitê de Investimentos Estrangeiros em Washington.
Unidade em Goiás tem produção estratégica
A planta de Barro Alto é uma das principais produtoras de níquel do Brasil, utilizada para a fabricação de aço inoxidável e baterias. De acordo com a Anglo American, a unidade tem capacidade de produção estimada em 42 mil toneladas por ano.
Para o ASI, a aquisição pela CMOC reforçaria a posição da China no fornecimento de insumos minerais considerados críticos. “Essa operação pode ampliar a vulnerabilidade das cadeias de suprimento dos Estados Unidos em setores estratégicos, como energia limpa e defesa nacional”, afirmou Kevin Dempsey, presidente da entidade, em nota enviada à imprensa americana.
O níquel é listado pelo Departamento de Energia dos Estados Unidos como mineral crítico. A presença da China nesse mercado tem gerado alertas de autoridades norte-americanas desde 2022, quando Pequim intensificou investimentos em mineração na África e na América do Sul.
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Associação pressiona por revisão do negócio
O pedido encaminhado ao governo norte-americano solicita que as autoridades avaliem os impactos da transação sobre a segurança econômica e industrial. A ASI argumenta que o domínio chinês em cadeias de suprimentos de metais estratégicos pode comprometer a competitividade de outros países.
No Brasil, a negociação da Anglo American com a CMOC ainda está em andamento. Segundo dados da própria mineradora, a venda inclui ativos de níquel em Barro Alto e Niquelândia, ambos em Goiás, além de reservas associadas.
Em entrevista ao jornal Folha de S. Paulo, Dempsey declarou que o objetivo do grupo é alertar para “uma dependência crescente de um único país no fornecimento de recursos fundamentais”. Ele ressaltou que a entidade não se posiciona contra o Brasil, mas contra a expansão chinesa sobre setores estratégicos.
A reportagem aponta que o Comitê de Investimentos Estrangeiros dos EUA, responsável por revisar aquisições que envolvem segurança nacional, recebeu formalmente o pleito da associação. Até o momento, não há manifestação oficial da Casa Branca sobre o assunto.