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sexta-feira, 5 de dezembro de 2025
vulnerabilidade financeira

Um terço dos brasileiros gasta todo o salário em até 36 horas

Levantamento mostra que a renda chega às contas já comprometida por dívidas e despesas fixas; 56% ficam com menos de R$ 100 no fim do mês

Luana Avelarpor Luana Avelar em 28 de agosto de 2025
close up portrait man showing empty wallet

Uma análise de movimentações bancárias de mais de sete mil pessoas, realizada pela fintech Klavi, expôs o ritmo com que os salários desaparecem das contas dos brasileiros. O estudo revela que 35% da população consome integralmente os valores recebidos em até 36 horas. Entre eles, 18% gastam tudo em 24 horas, e 42% encerram esse ciclo em um dia e meio.

A pesquisa, baseada em dados do sistema financeiro aberto (open finance), indica ainda que mais da metade dos usuários avaliados, 56%, mantêm menos de R$ 100 de saldo mensal. O padrão observado sugere que a renda não cumpre o papel de prover estabilidade, mas sim o de liquidar despesas já acumuladas.

O levantamento dialoga com os números de inadimplência divulgados pela Serasa em junho deste ano. O país alcançou o maior índice de devedores de sua história: 77,8 milhões de brasileiros com dívidas médias superiores a R$ 6 mil por pessoa, o equivalente a R$ 477 bilhões em débitos não quitados.

Segundo os pesquisadores, o consumo imediato do salário expõe o encolhimento da margem de manobra financeira das famílias. A renda é rapidamente absorvida por contas de serviços básicos, financiamentos e dívidas de longo prazo, sem sobra para reservas, investimentos ou gastos imprevistos.

Embora o fenômeno seja generalizado, especialistas apontam que ele se concentra sobretudo em trabalhadores de baixa e média renda, mais expostos a oscilações econômicas e com menor acesso a instrumentos de crédito menos onerosos.

Para instituições financeiras, a pesquisa funciona como alerta sobre a fragilidade da capacidade de pagamento do consumidor brasileiro. Já para as famílias, confirma a dificuldade em transformar o salário em recurso disponível, num contexto em que o crédito bancário se torna tanto saída quanto armadilha.

O estudo dimensiona um cenário em que o salário não representa estabilidade, mas sim fluxo contínuo de entrada e saída, sem acumulação. No Brasil, a renda de milhões de pessoas não dura mais do que algumas horas.

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