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sexta-feira, 5 de dezembro de 2025

Recorde, “conta petróleo” responde por 54% do superávit comercial neste ano

Lauro Veiga Filhopor Lauro Veiga Filho em 2 de setembro de 2025
setor de petróleo e gás tem quebrado recordes neste ano, ampliando sua contribuição para a formação do superávit comercial do País Foto: Divulgação
setor de petróleo e gás tem quebrado recordes neste ano, ampliando sua contribuição para a formação do superávit comercial do País Foto: Divulgação

O setor de petróleo e gás tem quebrado recordes neste ano, ampliando sua contribuição para a formação do superávit comercial do País, numa virada em relação ao cenário observado ao longo de décadas. Nos primeiros sete meses deste ano, a chamada “conta petróleo”, que inclui as exportações de petróleo e derivados, descontadas as importações daqueles mesmos produtos e também de gás natural, deixou um saldo positivo pouco superior a US$ 20,018 bilhões, em alta de 9,07% em relação ao superávit de US$ 18,353 bilhões realizado entre janeiro e julho do ano passado, quando contribuiu com 37,4% para a formação do superávit total da balança comercial brasileira (exportações menos importações). Neste ano, em igual período, a participação chegou a 54,13%.

A virada, na verdade, vem se desenrolando desde o final da primeira década deste século, quando as reservas de óleo bruto do pré-sal começaram a ser exploradas. Mas seus efeitos parecem ter ganhado outra dimensão mais recentemente, passando a ser apontados como um dos fatores a explicar o que a coordenadora do Boletim de Conjuntura do Instituto Brasileiro de Economia da Fundação Getúlio Vargas (Ibre/FGV), Silvia Matos, identifica como uma certa “resiliência” da atividade econômica ao arrocho monetário em vigor.

O avanço vigoroso da produção e das exportações de petróleo e derivados tem contribuído para dar sustentação à atividade no lado real da economia, ao lado do agronegócio, num momento em que os juros reais têm se aproximado de 9,70% ao ano, levando todo o restante da economia a uma desaceleração. Vale dizer, o desaquecimento teria sido muito mais duro e abrupto não fossem aqueles setores. Em sua análise, Silvia relaciona ainda o “tamanho dos gastos” governamentais em todos os níveis, que igualmente têm injetado algum ânimo na economia, e supostamente os impactos de “mudanças estruturais” no mercado de trabalho, promovendo maior formalização da mão de obra e menor insegurança jurídica com a evolução de novos formatos de contratação – embora este último ponto não seja exatamente um consenso entre economistas de tendências diversas.

Quarto maior

Em julho deste ano, segundo estatísticas da Agência Nacional do Petróleo, Gás Natural e Biocombustíveis (ANP), a produção média diária de petróleo e gás natural, associado ao óleo bruto, superou pela primeira vez na história a marca dos 5,0 milhões de barris, com participação de 79% dos poços do pré-sal. A produção total aumentou 23,3% na comparação com julho do ano passado, saltando de 4,185 milhões para 5,160 milhões de barris, com alta ainda de 24,2% para a produção do pré-sal, que avançou de 3,282 milhões para 4,077 milhões de barris diários. A marca coloca o Brasil entre os quatro maiores produtores globais de petróleo, atrás dos Estados Unidos, da Rússia e da Arábia Saudita, superando o Iraque, que produz 4,5 milhões de barris por dia.

Balanço

Depois de recuar 1,11% no ano passado, saindo de 1,271 bilhão em 2023 para 1,257 bilhão de barris, na soma total de cada período, ainda de acordo com a ANP, a produção de petróleo e gás natural aumentou 8,16% no acumulado dos primeiros sete meses deste ano em relação ao mesmo período de 2024. Nesta comparação, foram extraídos entre janeiro e julho deste ano perto de 790,742 milhões de barris diante de 731,097 milhões em idêntico intervalo de 2024.

Desde 2010, quando a extração de óleo havia se limitado a quase 780,156 milhões de barris (menos do que o País produziu em sete meses neste ano), tomando 2024 como ponto final nesta série, a produção brasileira de óleo e gás cresceu 61,08% (combinando alta de 63,88% para a produção de petróleo e baixa de 8,45% na produção de gás natural).

A descoberta do pré-sal, resultado de pesquisas e da tecnologia desenvolvida pelo time da Petrobrás ao longo de anos de esforços e investimentos constantes, permitiu que o Brasil consolidasse sua posição no mercado global como grande exportador, embora com grande concentração das vendas de óleo bruto no total exportado. Entre 2010 e 2024, as vendas externas de petróleo e derivados aumentaram 144,12%, saltando de US$ 23,349 bilhões para US$ 56,999 bilhões, diante de uma variação de 7,30% para as importações – que saíram de US$ 26,232 bilhões para US$ 28,148 bilhões.

Naquele mesmo intervalo, o resultado da “conta petróleo”, que havia sido deficitária em alguma coisa ao redor de US$ 2,884 bilhões em 2010, passou a anotar superávit de US$ 28,850 bilhões, um valor até então histórico, jamais registrado pelo País e que pode ser superado neste ano, conforme sugerem os dados relativos aos sete meses iniciais de 2025. Em 2000, apenas como referência, o déficit naquela conta havia alcançado US$ 5,704 bilhões, contribuindo para que o resultado de toda a balança comercial ficasse negativo em US$ 1,983 bilhão.

Ao longo das décadas de 1970 e 1980, especialmente depois de dois choques do petróleo, observados entre meados e o final do primeiro período, quando os preços do petróleo entraram em disparada no mercado internacional, a “conta petróleo” passou a gerar déficits crescentes, ameaçando paralisar toda a economia, o que obrigou a adoção de políticas recessivas como forma de barrar importações e “economizar” dólares dos quais o Brasil não dispunha. A falta de dólares, resultado dos rombos acumulados pelo País em suas contas externas, gerava desequilíbrios em série, provocando inflação e, mais do que isto, impedindo a economia de crescer – um cenário muito diferente do que o observado atualmente.

O avanço da energia solar em Goiás produziu um aumento de 86% na concessão de crédito para projetos de geração naquela área, de acordo com dados do Santander, mesma taxa observada para a região Centro-Oeste como um todo. “Ampliamos a oferta de financiamento a partir do ano passado, sempre com ofertas e soluções adaptadas para atender as necessidades do mercado. O resultado positivo é reflexo também do fortalecimento da nossa rede de parceiros e os constantes investimentos realizados para ampliar as alianças estratégicas”, explica Cezar Janikian, diretor da Financeira do Santander.

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