Telefilme revive duas décadas da Galhofada em Goiânia
Produção “A Hora da Galhofa” estreia neste sábado (6) e narra a trajetória do festival que transformou o Setor Pedro Ludovico em palco de arte de rua
Goiânia terá neste sábado (6) a estreia pública do telefilme A Hora da Galhofa, dirigido por Rô Cerqueira e Hélio Fróes. A exibição ocorre às 19h, na Ilha da Galhofa, no Setor Pedro Ludovico, com entrada gratuita. O filme, de 52 minutos, percorre a história da mostra de artes que há 20 anos mobiliza artistas e moradores em um gesto coletivo de ocupação cultural.
O projeto foi contemplado pelo Edital nº 4/2023 da Lei Paulo Gustavo e teve sessões preliminares em junho no VeraCult Ponto de Cultura e no Cineclube Zabriskie. A narrativa se apoia em depoimentos de moradores do bairro, que testemunharam a transformação das ruas em palco e camarim improvisado. Alguns cresceram cercados por lonas e picadeiros, outros acompanharam de perto a consolidação do festival.
Origem de um território cultural
A Galhofada surgiu em 2004, quando a Cia Nu Escuro e grupos parceiros decidiram ampliar a apresentação de O cabra que matou as cabras para uma pequena mostra de teatro. O encontro, realizado de forma autônoma, deu início a um dos festivais mais duradouros da capital. A sustentação veio de chapéus passados, rifas e do trabalho voluntário da comunidade, que transformou a ilha em espaço de encontro anual.
Cinema e contrapartida social
A parceria com o Ponto de Cultura VeraCult fortalece a circulação do filme e reforça a ideia de descentralizar a mostra. “Essa colaboração está alinhada com a proposta de descentralização da Galhofada, ampliando seu acesso e impacto”, afirmam os realizadores. Todas as sessões incluem rodas de conversa sobre memória, ocupação e políticas culturais. Uma campanha de arrecadação de alimentos, em parceria com o Goiás Social, integra a contrapartida social.
Entre a dor e a resistência
O documentário também expõe episódios de tensão. Em 2014, um jovem da comunidade foi baleado durante o festival. O caso poderia ter interrompido a mostra, mas resultou em um ato pela paz, com oficinas e um abraço coletivo que reafirmaram o caráter comunitário da Galhofada.
Vozes dos realizadores
Para Hélio Fróes, o projeto carrega envolvimento pessoal: “Acompanho a Galhofada desde a primeira edição. É muito bonito ver a participação dos artistas e grupos de Goiânia, que se doam de coração aberto. É isso que queremos transmitir: esse espírito anárquico e coletivo da construção disso tudo”, afirma.
Rô Cerqueira destaca a potência coletiva: “A Galhofada surgiu num momento em que os grupos estavam fortalecidos, os projetos nascendo e tudo funcionava porque havia uma consciência de coletivo. Jovens se profissionalizaram ali, crianças cresceram acompanhando a Galhofada. É algo que admiro muito e me sinto orgulhosa por poder contribuir contando essa história”.
Serviço
Quando: 5 de setembro (sábado)
Onde: Ilha da Galhofa – Alameda Henrique Silva, Setor Pedro Ludovico, Goiânia
Horário: 19h
Entrada: gratuita