Queda do estrogênio na menopausa eleva risco de doença hepática
Com a redução desse hormônio, o fígado se torna mais vulnerável a inflamações
A transição para a menopausa, marcada pela queda significativa dos níveis de estrogênio e progesterona, tem sido associada a um risco elevado de desenvolver doença hepática esteatótica associada à disfunção metabólica (MASLD). A condição, antes conhecida como fígado gorduroso não alcoólico, vem se consolidando como uma das principais causas de transplante hepático em mulheres após os 50 anos.
Especialistas explicam que o processo natural de envelhecimento já provoca alterações metabólicas, como acúmulo de gordura abdominal, menor gasto energético e redução na prática de atividade física. No entanto, estudos sugerem que a queda do estrogênio exerce impacto ainda mais determinante na saúde do fígado.
Pesquisas recentes reforçam essa correlação. Uma revisão acompanhada de meta-análise apontou que mulheres em menopausa apresentam um risco aproximadamente 2,4 vezes maior de desenvolver MASLD, mesmo sem obesidade. Outro estudo identificou incidência mais elevada da doença em mulheres submetidas à retirada dos ovários, condição que induz menopausa precoce. Esses achados reforçam o papel protetor do estrogênio, que possui efeitos anti-inflamatórios e imunorreguladores, atuando como barreira contra o acúmulo de gordura e as lesões hepáticas.
Com a redução desse hormônio, o fígado se torna mais vulnerável a inflamações e cicatrizes, inclusive em mulheres sem excesso de peso ou síndrome metabólica. Embora a doença seja mais comum em pacientes com sobrepeso ou obesidade, evidências mostram que mesmo aquelas com peso adequado enfrentam risco aumentado após a menopausa. Pesquisadores calculam que esse risco pode ser entre duas e até doze vezes superior em comparação ao período pré-menopausa, reforçando a importância do estrogênio na proteção hepática.
Esse panorama tem motivado investigações sobre o possível papel da terapia hormonal na saúde do fígado. Já utilizada para aliviar sintomas como ondas de calor, alterações de humor e distúrbios do sono, a reposição estrogênica vem sendo avaliada como uma alternativa para reduzir a vulnerabilidade hepática. Resultados preliminares indicam que formulações transdérmicas, como adesivos e géis, podem oferecer maior segurança, enquanto as versões orais tendem a sobrecarregar o fígado.
Apesar dos avanços científicos, especialistas ressaltam que a prevenção continua sendo a estratégia mais eficaz. A adoção de hábitos saudáveis é considerada fundamental para mulheres próximas ou já inseridas no período da menopausa.