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sexta-feira, 5 de dezembro de 2025
Cultura

Autores recriam vida cultural da Grande Goiânia em contos

Narrativas transitam entre assombrações, migrações e cotidiano urbano em sete cidades

Luana Avelarpor Luana Avelar em 4 de setembro de 2025
capa livro rmg

A Região Metropolitana de Goiânia costuma aparecer nas estatísticas que medem urbanização acelerada, trânsito congestionado e desigualdades. Antes de ser número em planilha, porém, esse território é feito de memórias e invenções. É nesse campo que se insere o livro organizado por Pedro Célio, com lançamento marcado para esta sexta-feira (5), às 19h, na sede do Sindicato dos Professores da UFG (Adufg). A obra será apresentada novamente no dia 12, no Instituto Histórico e Geográfico de Goiás, e depois chega a livrarias da capital e às cidades que servem de cenário para os contos.

O projeto nasceu em 2017, quando uma equipe da UFG elaborava o Plano de Desenvolvimento da Região Metropolitana de Goiânia (PDRMG). Entre gráficos e diagnósticos técnicos, o organizador percebeu que faltava dar conta da dimensão simbólica dessa integração territorial. A ideia foi convocar escritores das cidades vizinhas para transformar memórias, lendas e cotidianos em ficção.

O volume reúne textos de Adriano Curado (Goiânia), Aparecido Pinto (Goianira), Eliseu Alves (Hidrolândia), Gilberto Mendonça Teles (Inhumas), Lázaro Rezende (Nerópolis), Maria do Rosário Caetano (Senador Canedo), Rejane Maria (Trindade) e Wellington Matos (Inhumas). Cada um contribui com um conto, em que personagens transitam entre o mundo rural e a vida urbana, entre o realismo cotidiano e o imaginário popular.

Os cenários são variados: o Rio Meia Ponte, que antes servia de balneário às famílias goianienses; a Rua P-16, endereço histórico do baixo meretrício da capital; o Beco dos Aflitos, em Trindade, carregado de misticismo; fazendas de Inhumas, onde crenças e malandragens se confundem com a rotina do campo; e até narrativas de assombração que circulam em Nerópolis.

A presença de migrantes vindos do sertão da Bahia e do Maranhão também atravessa as tramas. Esses personagens, muitas vezes anônimos, ajudam a explicar a formação cultural da metrópole: gente que se desloca diariamente entre capital e interior, mas que deixa marcas no sotaque, na culinária e nos modos de vida da região.

Embora não tenha sido concebido como denúncia, o livro revela, nos detalhes, os contrastes e tensões da vida metropolitana. Ao mesmo tempo em que recupera tradições e causos do interior, a obra não escapa ao retrato de uma cidade atravessada por modernização, desigualdades e disputas.

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