A vitamina B12, também chamada de cobalamina, ocupa lugar de destaque entre os nutrientes indispensáveis ao bom funcionamento do organismo. Presente em alimentos de origem animal, ela participa da formação dos glóbulos vermelhos, protege a saúde neurológica e atua no metabolismo de proteínas e gorduras. Apesar da sua importância, a deficiência de B12 tem se tornado cada vez mais comum em diferentes faixas etárias, sobretudo em idosos e pessoas que seguem dietas restritivas.

O diagnóstico da carência desse nutriente exige atenção. A dosagem da vitamina B12 pode ser realizada em exames de sangue, assim como a análise de marcadores indiretos, como a homocisteína e o ácido metilmalônico. Quando estão elevados, esses indicadores sugerem deficiência, ainda que a dosagem da vitamina pareça normal. “A avaliação clínica é imprescindível para um diagnóstico assertivo. Só o exame laboratorial não garante a confirmação”, ressalta o endocrinologista Murillo Braga.

O papel da vitamina no organismo

A cobalamina é indispensável para a produção de DNA e para a manutenção das células nervosas. Sem ela, a medula óssea não consegue fabricar glóbulos vermelhos de forma adequada, o que leva a quadros de anemia megaloblástica, caracterizada por células sanguíneas maiores e menos funcionais. Além disso, a vitamina contribui para o bom funcionamento cerebral, ajudando a preservar a memória e a concentração.

Estudos recentes sugerem que mesmo valores considerados normais podem não ser suficientes para garantir a plena proteção cognitiva em pessoas acima de 50 anos. Nesse grupo, a absorção da vitamina costuma ser prejudicada devido à redução natural da produção de ácido gástrico. Por isso, muitos especialistas recomendam a suplementação, especialmente nas formas metilcobalamina ou hidroxocobalamina, que apresentam maior biodisponibilidade.

B12 e o envelhecimento saudável

O envelhecimento traz uma série de desafios para a saúde, e a deficiência de vitamina B12 está entre eles. Em idosos, a carência pode se manifestar não apenas com sintomas físicos, mas também com alterações cognitivas sutis que, muitas vezes, são confundidas com quadros de demência precoce. “É comum observarmos perda de memória, dificuldade de concentração e até sintomas depressivos relacionados à deficiência de B12”, explica Murillo Braga.

O médico destaca que a suplementação deve ser individualizada. Em alguns casos, a via oral não é suficiente, sendo necessário o uso de injeções intramusculares. “Pacientes que passaram por cirurgia bariátrica, ou que apresentam doenças intestinais, como doença de Crohn, estão entre os que mais precisam de atenção nesse sentido”, acrescenta.

Sintomas que merecem atenção

Os sinais da carência de vitamina B12 podem variar de intensidade, mas, em geral, se manifestam de forma progressiva. Entre os mais comuns estão fadiga persistente, fraqueza muscular e palpitações. A deficiência também pode provocar falta de ar, dormências e formigamentos nas extremidades, língua inflamada ou inchada e alterações visuais.

No campo neurológico, os efeitos se tornam ainda mais preocupantes: perda de memória, dificuldade de raciocínio, depressão e até sintomas semelhantes a quadros de demência podem estar associados. Por isso, especialistas reforçam que a investigação deve ser feita diante de qualquer suspeita clínica.

“O diagnóstico precoce é fundamental para evitar complicações irreversíveis, especialmente no sistema nervoso. Quando tratamos a deficiência logo no início, o paciente consegue recuperar a qualidade de vida em pouco tempo”, explica o endocrinologista.

Alimentos que garantem boas doses de B12

Para manter níveis adequados de vitamina B12, a alimentação equilibrada desempenha papel central. Entre as principais fontes, destacam-se:

• Carnes bovina, suína e de frango: cortes magros são mais indicados, pois fornecem proteína de qualidade e menos gordura saturada;
• Peixes e frutos do mar: salmão, sardinha, atum, truta e mariscos, como ostras e mexilhões, apresentam altas concentrações da vitamina;
• Laticínios: leite, queijo e iogurte, apesar de conterem menores quantidades de B12 em comparação com as carnes, ainda contribuem de forma importante para a dieta;
• Ovos: especialmente a gema, é uma das opções mais acessíveis e versáteis para garantir a ingestão adequada.

Para vegetarianos e veganos, a única alternativa eficaz é a suplementação. Embora alguns alimentos industrializados, como leites vegetais e cereais matinais, sejam enriquecidos com B12, a quantidade não costuma ser suficiente para suprir a necessidade diária.

Exames e acompanhamento médico

A dosagem da vitamina B12 no sangue, aliada à análise de marcadores como homocisteína e ácido metilmalônico, auxilia no diagnóstico da deficiência. Entretanto, como reforça o endocrinologista Murillo Braga, os resultados laboratoriais devem sempre ser avaliados em conjunto com a investigação clínica.

O acompanhamento médico regular, especialmente em check-ups anuais, permite identificar precocemente alterações nos níveis da vitamina. Isso é ainda mais relevante em pessoas acima dos 50 anos, veganos, vegetarianos e indivíduos que utilizam medicamentos que reduzem a absorção.

A importância da prevenção

A deficiência de vitamina B12 pode causar complicações sérias quando não tratada. No entanto, é possível preveni-la com uma alimentação balanceada e, quando necessário, com suplementação adequada. “Não existe fórmula única. O tratamento e a prevenção devem considerar as características individuais de cada paciente”, destaca Braga.

O cuidado com a ingestão desse nutriente, aliado ao acompanhamento médico, representa um investimento direto na qualidade de vida. Afinal, a B12 é uma das principais guardiãs da saúde do corpo e da mente, garantindo energia, disposição e proteção contra problemas neurológicos e hematológicos.