Teste da Linguinha é obrigatório em maternidades e garante diagnóstico imediato
Exame gratuito identifica alterações no frênulo lingual que podem comprometer a amamentação e o desenvolvimento da fala
Todos os recém-nascidos no Brasil devem passar pelo Teste da Linguinha. O exame foi instituído em 2014 pela Lei nº 13.002 e integra a triagem neonatal obrigatória em maternidades públicas e privadas. A meta é identificar alterações no frênulo lingual, a membrana que conecta a língua à base da boca, que, quando malformada, pode limitar movimentos e trazer impactos à amamentação e ao desenvolvimento infantil.
Estudos apontam variação na prevalência da anquiloglossia, condição popularmente conhecida como língua presa. Pesquisas com recém-nascidos brasileiros registram índices entre 2,6% e 17%. Outras, como as publicadas na Revista CEFAC e na Revista Paulista de Pediatria, indicam taxas em torno de 4,3% a 4,8%. A diferença decorre de metodologias distintas de avaliação e da população estudada.
A triagem deve ocorrer entre 24 e 48 horas de vida, conduzida por profissionais capacitados, pediatras, fonoaudiólogos, otorrinolaringologistas ou membros da equipe treinados. “Na maioria das vezes, é feita a análise da anatomia e dos movimentos da língua. O mais importante é entender que nem toda alteração gera prejuízo, mas quando há impacto clínico, especialmente na amamentação, a intervenção pode ser necessária”, afirma a pediatra Juliana Caixeta.
Quando há necessidade de tratamento, o Sistema Único de Saúde (SUS) cobre integralmente a frenectomia, pequena cirurgia que libera a movimentação da língua. O procedimento é simples, feito em regime ambulatorial, e garante melhores condições para a amamentação e o desenvolvimento da criança.
“Os principais benefícios do teste incluem o diagnóstico precoce da língua presa, antecipando-se a eventuais dificuldades na amamentação. Vale lembrar que, na maioria das vezes, a anquiloglossia não causa atraso de fala, nem dificulta a mastigação”, ressalta a médica.
O Teste da Linguinha se soma ao Teste do Pezinho e ao Teste da Orelhinha no conjunto de políticas de triagem neonatal brasileiras. Sua adoção universal reforça a importância do diagnóstico imediato e da intervenção oportuna em condições que, se não identificadas ao nascer, podem comprometer etapas decisivas da vida infantil.