Quando as emoções se transformam em reações alérgicas
Dermatologista explica como estresse e ansiedade podem causar reações no corpo
A pele, maior órgão do corpo humano, reflete não apenas a saúde física, mas também o equilíbrio emocional. Situações de estresse, ansiedade ou abalos psicológicos podem desencadear reações cutâneas que muitas vezes surpreendem os pacientes. Conhecida como alergia emocional ou dermatite nervosa, essa condição ainda gera dúvidas e exige atenção médica especializada.
O dermatologista Leonardo Coimbra explica que a alergia emocional acontece quando o sistema imunológico responde de forma exagerada a estímulos emocionais. “O organismo interpreta o estresse como uma ameaça real e libera substâncias que provocam inflamações, principalmente na pele. Isso leva a sintomas que podem variar de simples coceira a quadros mais intensos de urticária”, afirma.
Sintomas que vão além da pele
Os sinais da alergia emocional aparecem com frequência no corpo, especialmente na pele. Os mais comuns incluem coceira, vermelhidão, manchas em alto relevo, inchaço e urticária. Em casos mais graves, a pessoa pode sentir falta de ar, insônia e fadiga.
Segundo o especialista, a pele é um dos primeiros locais a reagir porque está repleta de terminações nervosas conectadas ao sistema emocional. “O estresse e a ansiedade liberam substâncias químicas no organismo que, ao chegarem à pele, provocam reações visíveis. É como se o corpo estivesse sinalizando que não está lidando bem com as pressões do dia a dia”, explica Coimbra.
Pacientes com doenças pré-existentes, como rinite, asma, psoríase ou dermatite atópica, podem perceber uma piora significativa durante períodos de tensão emocional. Para muitos, a alergia emocional surge como agravante de condições já instaladas.
O que causa a alergia emocional
Apesar de não haver consenso científico absoluto sobre as causas, especialistas sabem que sentimentos como estresse e ansiedade desencadeiam reações químicas no corpo. Essas emoções estimulam a produção de catecolaminas e aumentam a liberação de cortisol, hormônio relacionado à resposta ao estresse.
“O cortisol, quando liberado em excesso e de forma prolongada, provoca inflamações que afetam diretamente a pele. Essa resposta, somada a uma predisposição genética, pode levar ao surgimento da alergia emocional”, explica Coimbra.
A intensidade das crises varia de pessoa para pessoa e pode estar associada à idade, à forma como cada indivíduo lida com as dificuldades da vida e à presença de doenças autoimunes.
Caminhos para o tratamento
O tratamento da alergia emocional depende do acompanhamento médico. Normalmente, o primeiro passo é o uso de antialérgicos, que aliviam coceira e vermelhidão. Em situações mais severas ou persistentes, o especialista pode prescrever corticoides orais ou pomadas específicas.
No entanto, o dermatologista reforça que apenas os medicamentos não garantem o controle total da condição. “Enquanto a causa emocional não for trabalhada, o paciente corre o risco de ter recaídas frequentes. É preciso adotar uma abordagem integrada, que cuide tanto da pele quanto do emocional”, orienta.
Por isso, os médicos muitas vezes recomendam associar o tratamento dermatológico a terapias voltadas para o equilíbrio psicológico. Entre elas, destacam-se a psicoterapia, técnicas de relaxamento e até o uso de medicamentos ansiolíticos em casos específicos.
O papel da psicoterapia
A psicóloga Melissa Borges explica que a alergia emocional representa um alerta importante do corpo. “O organismo sinaliza, através da pele, que a mente está sobrecarregada. Quando o paciente entende essa ligação, passa a buscar estratégias para lidar melhor com o estresse e a ansiedade”, afirma.
Segundo a profissional, a psicoterapia auxilia o paciente a identificar gatilhos emocionais e desenvolver ferramentas para enfrentá-los. “Aprender a reconhecer os próprios limites, reorganizar rotinas e praticar atividades que tragam bem-estar são passos fundamentais para reduzir as crises”, acrescenta.
Embora não exista uma forma definitiva de prevenir a alergia emocional, hábitos saudáveis podem ajudar a reduzir as crises. Praticar exercícios físicos, manter alimentação equilibrada, investir em sono de qualidade e reservar tempo para lazer são atitudes que fortalecem o equilíbrio emocional e, por consequência, a saúde da pele.