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sexta-feira, 5 de dezembro de 2025
“criatório de baratas”

Jair Bolsonaro será julgado por racismo por declarações contra apoiador negro

Ministério Público Federal recorre de decisão que rejeitou pedido de indenização por danos morais coletivos

Otavio Augustopor Otavio Augusto em 15 de setembro de 2025
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Ex-presidente Jair Bolsonaro será julgado por declarações sobre apoiador negro. Foto: Divulgação

O Tribunal Regional Federal da 4ª Região (TRF-4) marcou para esta terça-feira (16/9) o julgamento do processo de racismo contra o ex-presidente Jair Bolsonaro (PL). O caso se refere a declarações feitas durante seu mandato, no Palácio da Alvorada e em uma transmissão ao vivo nas redes sociais.

Segundo a acusação, Bolsonaro teria depreciado um cidadão negro ao comentar sobre seu cabelo, comparando o corte black power a um “criatório de baratas”. A manifestação é considerada ofensiva porque o penteado é um símbolo de resistência do movimento negro. A ação sustenta que as falas transformaram essa expressão cultural em algo depreciativo e discriminatório.

Em fevereiro de 2023, a juíza federal substituta Ana Maria Wickert Theisen julgou improcedente o pedido de condenação. A ação solicitava que o ex-presidente fosse responsabilizado ao pagamento de R$ 5 milhões por danos morais coletivos. Para a magistrada, as declarações foram “comentários inadequados, infelizes, desnecessários”, mas não atingiram a coletividade negra como um todo.

No entendimento da juíza, o dano moral coletivo não deve ser considerado como a soma dos danos individuais de cada integrante da comunidade afetada, mas sim como a violação de um direito coletivo em si. Ela concluiu que os fatos não configuraram essa hipótese e, portanto, não justificariam a indenização solicitada.

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Justiça Federal analisa recurso em ação de racismo contra Bolsonaro

O Ministério Público Federal (MPF) recorreu da decisão. O órgão argumenta que as falas têm potencial de atingir a coletividade negra, reforçando estigmas e alimentando práticas discriminatórias. Além do MPF, o Movimento Negro Unificado participa do processo na condição de amicus curiae, oferecendo subsídios técnicos e jurídicos para auxiliar os desembargadores no julgamento.

O TRF-4 vai analisar se a sentença deve ser mantida ou reformada. Caso o tribunal entenda que houve dano moral coletivo, poderá determinar a condenação do ex-presidente. O resultado do julgamento terá impacto não apenas sobre o caso específico, mas também sobre a forma como a Justiça Federal interpreta manifestações públicas de figuras políticas envolvendo questões raciais.

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