Nova diretriz classifica pressão de 12 por 8 como pré-hipertensão no Brasil
Documento das sociedades médicas redefine diagnóstico, estabelece metas mais rígidas e traz orientações específicas para SUS e saúde da mulher
O Brasil atualizou os critérios para classificação da pressão arterial. Valores que antes eram considerados normais, como 12 por 8 (120×80 mmHg), agora entram na categoria de pré-hipertensão, segundo a nova diretriz brasileira de hipertensão, divulgada em 18 de setembro durante o 80º Congresso Brasileiro de Cardiologia.
A medida segue tendências internacionais e busca aumentar a prevenção de doenças cardiovasculares, incentivando mudanças no estilo de vida e acompanhamento médico desde os primeiros sinais de risco.
O médico cardiologista do Hospital Mater Dei Goiânia, Thiago Marinho, explicou em entrevista para O Hoje que a reclassificação abrange valores de 120×80 até 140×90 mmHg. “Esses números já devem ligar um alerta para a necessidade de mudança de hábitos e prevenção de doenças cardiovasculares”, afirma.
Ele reforça que essa faixa não significa hipertensão definitiva, mas indica risco elevado caso não haja intervenção precoce.
Mudanças de hábitos e prevenção
De acordo com o especialista, a maior parte dos pacientes nessa faixa será orientada apenas a ajustar o estilo de vida, com reavaliações em poucos meses. “Caso os valores não melhorem, será necessário considerar o uso de medicamentos”, explica Marinho.
Entre as recomendações estão a redução do consumo de sal, perda de peso, atividade física regular e uma alimentação balanceada, incluindo frutas, vegetais e redução de alimentos ultraprocessados.
Além da reclassificação, a diretriz também mudou a meta de tratamento para pacientes hipertensos: a pressão deve ser mantida abaixo de 13 por 8 (<130/80 mmHg), independentemente da idade, sexo ou presença de outras doenças. Estudos indicam que manter a pressão abaixo desse limite reduz significativamente o risco de infarto, acidente vascular cerebral (AVC) e complicações renais.
Atenção ao risco silencioso
Marinho alerta que a hipertensão é frequentemente silenciosa e pode permanecer sem sintomas por anos. “Você pode ter pressão elevada por décadas e não sentir nada”, afirma. Alguns sinais de alerta, no entanto, devem levar o paciente a buscar atendimento médico imediatamente: dor de cabeça intensa, sonolência, dor no peito e falta de ar, que podem indicar complicações graves.
A nova diretriz também introduz ferramentas para avaliar o risco cardiovascular global, como o escore PREVENT, que calcula a probabilidade de um paciente sofrer um evento cardiovascular nos próximos 10 anos, considerando fatores como diabetes, colesterol alto, obesidade e histórico familiar.
Além disso, o documento dedica atenção especial à atenção básica do SUS e à saúde da mulher, oferecendo orientações sobre hipertensão durante gestação, uso de anticoncepcionais, menopausa e acompanhamento de longo prazo para quem teve hipertensão gestacional.
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