Número de academias dispara e setor fitness já supera farmácias
País passou de 19 mil academias em 2014 para mais de 56 mil em 2024
O setor fitness vive um momento de expansão nacional, em que academias de bairro, estúdios especializados e centros de condicionamento físico se consolidam como parte da rotina de milhões de brasileiros. Em Salvador, o fenômeno chama atenção pelo número de academias já superar o de farmácias tradicionais. No Brasil, o avanço é expressivo e Goiás também acompanha essa tendência, ainda que de forma desigual entre regiões.
Proliferação nacional e mudança de hábitos
Nos últimos dez anos, o número de estabelecimentos voltados à prática de atividades físicas quase triplicou no país. Em 2014, eram pouco mais de 19 mil unidades. Em 2024, o levantamento mais recente aponta mais de 56 mil academias, estúdios e centros de treinamento em funcionamento. Esse crescimento reflete mudanças nos hábitos de consumo, maior conscientização sobre saúde e a busca por qualidade de vida.
A expansão não ocorre de forma homogênea, mas se espalha por capitais e cidades do interior. Estados como Tocantins, por exemplo, registraram aumento de mais de 25% em apenas cinco anos, indicando que a interiorização do setor é um caminho consolidado.
Salvador como laboratório urbano
A capital baiana tornou-se exemplo visível da força do setor. Salvador tem mais academias do que farmácias, com 1.671 estabelecimentos voltados ao fitness contra 1.597 drogarias. O dado revela a dimensão da mudança de comportamento da população e da importância que a atividade física passou a ocupar no cotidiano urbano.
O movimento se intensifica no verão. Entre janeiro e março, academias da cidade registraram crescimento de até 40% no número de frequentadores. O público busca não apenas estética, mas também saúde mental, prevenção de doenças e bem-estar. Aspectos como localização, atendimento e custo-benefício pesam cada vez mais na escolha dos usuários.

Goiás e as desigualdades regionais
Em Goiás, o setor também cresce, mas com forte desigualdade entre regiões. Nas áreas centrais de Goiânia e cidades de maior porte, predominam academias modernas, bem equipadas e voltadas a um público de maior poder aquisitivo. Já nas periferias e municípios menores, o atendimento é garantido por estabelecimentos de pequeno porte, muitas vezes com infraestrutura limitada.
Outro ponto é a disparidade de preços. Levantamentos em Goiânia mostram que a mensalidade pode variar em até 690% entre academias, dependendo da localização, dos serviços e da estrutura oferecida. Essa diferença evidencia desafios de acesso, mas também oportunidades de negócio para modelos inovadores que busquem democratizar o setor.
Desafios e oportunidades para empreendedores
Apesar do crescimento, o setor fitness enfrenta barreiras importantes. Custos com aluguel de grandes espaços, necessidade de constante atualização de equipamentos e a exigência de diferenciação no atendimento tornam a concorrência intensa. Modalidades específicas, estúdios boutique e academias voltadas para nichos como terceira idade e reabilitação são algumas das alternativas encontradas para atrair e fidelizar clientes.
Outro fenômeno recente é a adesão a planos que permitem ao consumidor frequentar diferentes academias com uma única assinatura. Esse modelo pressiona margens e obriga empresários a rever estratégias de preço e fidelização. A localização estratégica, a segmentação do público e a qualidade do atendimento surgem como diferenciais essenciais para quem busca se firmar no mercado.
Impacto social e perspectivas
A expansão das academias não movimenta apenas a economia, mas também impacta a saúde pública. Com a prática regular de exercícios, há redução da incidência de doenças crônicas, melhora da saúde mental e alívio da sobrecarga no sistema de saúde. Em cidades como Salvador e Goiânia, os reflexos também aparecem nas ruas, com o aumento das práticas ao ar livre e maior valorização da atividade física como parte do estilo de vida.
As perspectivas para os próximos anos são de continuidade do crescimento. O envelhecimento populacional, o aumento da expectativa de vida e a consolidação da busca por hábitos saudáveis devem manter a demanda em alta. Para que o setor avance de forma sustentável, será necessário equilibrar a oferta, reduzir desigualdades regionais e ampliar o acesso, sobretudo em áreas menos atendidas.