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quinta-feira, 4 de dezembro de 2025
Inusitado

‘Artista’ criada por IA assina contrato milionário com gravadora

A voz da artista digital impressiona pela semelhança com Beyoncé e lembra elementos de Alicia Keys, além de carregar sotaque sulista

Maria Eduarda Leãopor Maria Eduarda Leão em 25 de setembro de 2025
artista ia
| Xania Monet, "artista" de IA. Foto: Divulgação

A cantora digital Xania Monet, desenvolvida pela compositora Telisha Jones, firmou um contrato de US$ 3 milhões com a Hallwood Media, empresa reconhecida por trabalhar com produtores de destaque como Murda Beatz e Sounwave. Jones lançou o álbum Unfolded de Xania Monet em 8 de agosto. Desde então, a faixa How Was I Supposed to Know? ultrapassou 5 milhões de reproduções no YouTube e Spotify.

A voz da artista digital impressiona pela semelhança com Beyoncé e lembra elementos de Alicia Keys, além de carregar sotaque sulista. As letras são escritas por Jones, mas a transformação em canções completas é feita por meio da plataforma de IA Suno, que gera arranjos e vocais artificiais.

Apesar do sucesso, a iniciativa levanta riscos para a própria gravadora. Muitos ouvintes ainda não sabem que Xania Monet não é humana, e especialistas alertam que a descoberta pode gerar reações negativas semelhantes às que já ocorreram em outros casos. Um exemplo é o da banda The Velvet Sundown, apresentada inicialmente como um projeto musical inovador e que depois se revelou uma criação sintética guiada por IA. O grupo chegou a reunir mais de 500 mil ouvintes mensais no Spotify, mas perdeu cerca de 40% da audiência após a polêmica.

A situação de Xania Monet também esbarra em questões legais. Plataformas de IA enfrentam processos por uso de material protegido em seus treinamentos. Gravadoras já abriram ações contra a Suno, acusada de utilizar músicas retiradas do YouTube sem autorização. Em paralelo, a Anthropic — responsável pelo modelo Claude — fechou um acordo de US$ 1,5 bilhão para encerrar disputas com autores, evidenciando o peso financeiro dessas controvérsias.

Nos Estados Unidos, o Escritório de Direitos Autorais permite que criadores utilizem a IA como ferramenta de apoio, mas não concede proteção legal a obras em que os “elementos expressivos” sejam determinados pela máquina. Isso coloca Jones e sua criação em uma zona cinzenta jurídica, já que apenas as letras são de autoria humana.

Enquanto isso, plataformas como o Deezer começaram a investir em mecanismos de detecção e rotulagem de músicas feitas com IA, incluindo avisos que informam ao público sobre o uso da tecnologia. A medida busca oferecer mais clareza ao consumidor diante da crescente presença de artistas virtuais.

O contrato de Xania Monet pode se tornar um marco histórico para a indústria musical, mas o futuro do projeto dependerá da capacidade de manter relevância comercial, conquistar legitimidade perante o público e, sobretudo, lidar com os dilemas éticos e legais que acompanham a revolução da música artificial.

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