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sexta-feira, 5 de dezembro de 2025

Energia explica alta do IPCA (mas demais preços continuam em baixa)

Lauro Veiga Filhopor Lauro Veiga Filho em 26 de setembro de 2025
IPCA HOME HelenaPontes

Antes que o “terrorismo inflacionário” se instale mais uma vez, a alta da taxa de inflação nas duas primeiras semanas de setembro nada teve a ver com “descontrole” e muito menos com alguma forma de “escalada de preços”. Praticamente toda a elevação registrada pelo Índice de Preços ao Consumidor Amplo 15 (IPCA-15), medido entre os dias 15 de agosto e 15 de setembro, pode ser explicada pelo aumento de 12,17% anotado para a tarifa da energia residencial, que havia registrado baixa de 4,21% ao longo dos 30 dias de agosto, quando o IPCA havia recuado 0,11% em relação a julho. Na quadrissemana encerrada no dia 15 deste mês, no entanto, o índice passou a registrar variação de 0,48%, com a taxa acumulada em 12 meses saindo de 5,13% até o final de agosto para 5,32%.

Sozinha, o encarecimento da energia nas residências explicou algo como 97,3% do IPCA-15 geral. A alta esteve relacionada a fatores que não guardam qualquer relação com a “demanda agregada”, quer dizer, com o consumo total das famílias, das empresas e dos governos. Mais claramente, o avanço não ocorreu devido a pressões da demanda sobre os preços e, portanto, não deveria reavivar temores de um descontrole inflacionário a ser contido por novo aperto na política de juros – que continuam excessivamente elevados qualquer que sejam os parâmetros considerados.

Os dados divulgados ontem pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), responsável pelo cálculo do IPCA e do IPCA-15, mostram, na verdade, dois focos principais de alta inflacionária, a saber, os grupos habitação – que saiu de queda de 0,90% em agosto para uma taxa positiva de 3,31% nas quatro semanas encerradas ao final da primeira quinzena deste mês, por conta do aumento da energia elétrica – e vestuário. Neste último caso, a “inflação” avançou de 0,72% para 0,97% entre agosto e a segunda quadrissemana de setembro (ou seja, entre 15 de agosto e 15 de setembro). Para comparar, o custo do vestuário havia registrado variação de apenas 0,17% entre o início da segunda quinzena de julho e o final da primeira quinzena de agosto (medida pelo IPCA-15 do mês passado).

Efeitos sazonais

A mudança ano ritmo de preços no setor pode ser reflexo da entrada de nova coleção no mercado, o que sempre pressões sazonais de alta. De toda forma, a participação de 4,61% do vestuário no orçamento das famílias e sua variação menos intensa comparativamente ao salto registrado pelos preços da energia ajudaram a limitar seus efeitos inflacionários. O aumento nos preços do setor neste mês, por exemplo, teve impacto de 9,31% na formação do IPCA-15 geral.

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