Basileu França expõe o olhar infantil sobre a história da arte
Mostra reúne criações de crianças e adolescentes que atravessam períodos da pré-história ao contemporâneo e projetam o futuro em obras coletivas e individuais
A galeria de artes do Basileu França, em Goiânia, recebe até 22 de outubro a exposição A Arte e Eu permeando o tempo, resultado de um processo formativo que escapa à reprodução de estilos. Orientados pelas professoras Edna de Sá e Deliane Godinho, alunos de 9 a 14 anos foram instigados a atravessar períodos históricos da arte, reconfigurando linguagens visuais em obras coletivas e individuais que tanto dialogam com a tradição quanto especulam sobre o porvir.
O percurso começa com a turma de 9 e 10 anos, que refletiu sobre a arte rupestre e a luta pela sobrevivência. “A arte nesse período era uma forma não verbal de comunicação, então, a obra foi construída a partir de reflexões sobre a arte primitiva e a luta das pessoas pela sobrevivência”, explica Edna. A mesma turma avançou para o exercício especulativo de imaginar sociedades futuras, materializado na instalação Caçadores do passado e do futuro. Sob a condução de Deliane, esses alunos também produziram Vasos da imaginação, inspirados na cerâmica grega, mas substituindo narrativas mitológicas por histórias pessoais, convertidas em símbolos contemporâneos.
A turma de 11 e 12 anos mergulhou no Renascimento com Leonardo da Vinci como guia. Entre autorretratos e uma releitura da Monalisa, construíram um paraquedas tridimensional, referência aos estudos do artista sobre o voo. A obra recebeu o título de Monalisa e eu de paraquedas, condensando ciência, arte e fabulação.
Os adolescentes de 13 e 14 anos exploraram a Arte Moderna e o minimalismo. Em Sujeitos minimalistas, personagens da cultura pop foram reinventados em traços reduzidos, com texto e imagem em diálogo. Já a instalação Olhares encenou poses de obras célebres e produziu retratos lineares inspirados em antigas máquinas fotográficas. “A adolescência é um período de questionamento da identidade, e o personagem favorito pode oferecer um modelo de comportamento, valores e aspirações”, observa Edna.
“O percurso revela não apenas a compreensão da arte em sua dimensão histórica, mas também a potência criativa de cada aluno, que encontra no fazer artístico um espaço de autoconhecimento, autoestima e pertencimento”, resume o texto curatorial. Ao apresentar a história da arte filtrada pelo olhar da infância, a mostra tensiona fronteiras entre pedagogia e criação, convidando o público a revisitar a própria experiência estética como gesto de imaginação e resistência.