Azoilda Trindade e a pedagogia do enfrentamento
Educadora homenageada em novo volume do Caderno Afro Memória fez da escola um espaço de combate ao racismo estrutural e à invisibilização da cultura negra
A escola brasileira sempre refletiu as contradições do país. É nesse espaço que se revelam ausências, apagamentos e também resistências. Entre os nomes que compreenderam esse papel está Azoilda Loretto da Trindade, educadora, psicóloga e intelectual negra, homenageada no novo volume do Caderno Afro Memória, que será lançado nesta quarta-feira (1º), às 19h, no Museu da História e da Cultura Afro-Brasileira (MUHCAB), no Rio de Janeiro, com transmissão pelo canal do Projeto SETA no YouTube.
Azoilda esteve na linha de frente da aprovação da Lei 10.639/03, que tornou obrigatório o ensino de história e cultura afro-brasileira nas escolas, e coordenou o projeto A Cor da Cultura, em parceria com o Canal Futura, TVE e Unicef. Ao longo de sua carreira, trabalhou para que a educação não fosse apenas um instrumento de transmissão de conteúdos, mas também um espaço de reconhecimento das matrizes africanas na formação do Brasil.
O caderno reúne oito artigos inéditos, resultado da parceria entre o Afro-Cebrap e o Projeto SETA/ActionAid, que dialogam com o acervo da educadora e procuram atualizar sua contribuição para práticas pedagógicas voltadas ao combate do racismo cotidiano. Para Paulo Ramos, coordenador do Afro-Cebrap, o gesto é um marco. “É especialmente significativo ter um acervo do Afro Memória, que carrega a educação como um dos seus pilares de existência, dedicado a uma educadora que trabalhou incansavelmente por um ensino mais antirracista nas escolas”, afirma.
A coleção Afro Memória dedica cada volume a personalidades ou instituições centrais na valorização das identidades negras. O título voltado a Azoilda recoloca no presente a força de uma obra que insiste em afirmar a escola como lugar de cidadania e de construção democrática.