Faleceu aos 91 anos Jane Goodall, primatologista e ativista ambiental
Jane Goodall, referência na pesquisa com chimpanzés e na conservação ambiental, o trabalho influenciou a ciência
Faleceu aos 91 anos a primatologista e ativista ambiental Jane Goodall, reconhecida mundialmente por sua pesquisa inovadora com chimpanzés e sua incansável defesa do meio ambiente. A notícia foi confirmada nesta quarta-feira (1º) pelo Instituto Jane Goodall, que informou que a causa da morte foi natural
Goodall revolucionou a ciência ao observar, ainda na década de 1960, que chimpanzés usavam ferramentas, algo até então considerado exclusivo dos humanos. Suas descobertas revelaram também que esses animais possuem emoções complexas, personalidades distintas e relações familiares profundas. Com isso, ela mudou para sempre a forma como o mundo enxerga os animais, e a nós mesmos.
Sua carreira começou de maneira pouco convencional. Nascida em Londres, em 1934, ela sempre foi fascinada por animais. Comprou seu primeiro livro, Tarzan dos Macacos, aos 10 anos, e decidiu que um dia viveria na África para estudar a vida selvagem. Aos 23, viajou ao Quênia, onde conheceu o famoso antropólogo Louis Leakey, que a convidou para estudar chimpanzés na Tanzânia , mesmo sem ela ter diploma universitário.
O início foi difícil: os chimpanzés fugiam ao vê-la e, por exigência das autoridades britânicas, ela precisou levar a mãe como acompanhante. Chegou a adoecer gravemente, mas não desistiu. Com o tempo, conquistou a confiança dos animais, observando-os de perto, dando nomes a eles e registrando comportamentos inéditos. Em 1960, presenciou o chimpanzé David Greybeard usando galhos como ferramenta para pescar cupins, uma descoberta que virou marco na história da ciência.
Ao longo das décadas seguintes, Jane Goodall se tornou uma figura pública global, aparecendo em capas de revistas, documentários e palestras ao redor do mundo. Mesmo com mais de 90 anos, ela continuava viajando, levando uma mensagem de consciência ambiental, responsabilidade humana e esperança.
Entre as muitas homenagens que recebeu estão o título de Mensageira da Paz das Nações Unidas, a Medalha Presidencial da Liberdade (entregue por Joe Biden em 2025) e o Prêmio Templeton, que celebra pessoas que unem ciência e espiritualidade. Ela também foi autora de diversos livros, como Na Sombra do Homem e a autobiografia Razão para Esperança.
Em suas palestras, ela equilibrava seriedade com leveza: imitava os gritos dos chimpanzés e brincava dizendo que Tarzan havia escolhido a Jane errada. Mas sempre deixava uma mensagem poderosa: cuidar dos animais é cuidar do planeta, e ainda temos tempo de fazer isso.
Jane Goodall nos ensinou que a linha que separa os seres humanos dos outros animais é muito mais tênue do que imaginamos. Seu legado é um chamado à empatia, à ação e à preservação da vida. Ela se despede do mundo como viveu: com coragem, curiosidade e esperança.