Seu Jorge canta para quem quer ser visto e ouvido
Artista diz que a cultura cresce quando diferentes gerações se encontram e compartilham suas histórias
Neste sábado (4), a partir das 21h, o Centro de Convenções da PUC Goiás recebe Seu Jorge para a abertura do Claque Cultural 2025. Considerado o maior projeto de circulação artística do Brasil, o evento se estende até março de 2026, com mais de mil apresentações gratuitas em oito cidades. À frente dessa largada, um dos nomes mais reconhecidos da música popular brasileira.
Antes de subir ao palco, ele aceitou falar sobre arte, política e o lugar que ocupa dentro de um cenário cultural em transformação. O Claque Cultural, diz, “chama atenção justamente pelo tamanho da mobilização: são várias linguagens acontecendo em várias cidades e isso cria uma rede de cultura muito rica, que não se limita a um gênero ou a um lugar só”. A iniciativa, para ele, não é apenas agenda de shows, mas possibilidade concreta de descentralizar o acesso à arte. “Quando a gente leva a arte dessa forma, tão ampla e diversa, dá chance pras pessoas se conectarem com o que toca cada uma delas. E isso transforma de verdade o cenário cultural do país”.
O entusiasmo não se restringe à grandiosidade da programação. Ele se volta também ao momento vivido pela capital, que tem se tornado palco de festivais independentes e iniciativas nascidas da periferia. Para Seu Jorge, a cena revela a potência da juventude e exige um posicionamento de quem já conquistou espaço consolidado.
“Eu vejo como uma responsabilidade e também como um privilégio. A juventude, principalmente da periferia, vem criando movimentos muito fortes, com uma voz própria e necessária. O papel do artista consagrado é somar, é abrir caminhos, é estar disponível para dialogar e aprender também. Não é sobre impor nada, mas sobre dividir experiências, dar visibilidade e mostrar que existe espaço para todos. A cultura cresce quando diferentes gerações se encontram e se fortalecem”.
Essa percepção atravessa sua própria presença no palco. Desde cedo, o artista associou a música a uma experiência que vai além do entretenimento. A relação com o público, diz ele, deve ser mais ampla, quase um pacto.
“É claro que divertir faz parte, mas o que eu busco também é provocar reflexão e emoção. Quero que as pessoas saiam do show sentindo que foram vistas e ouvidas, que suas histórias também cabem dentro da música”.
O que se deseja, em última instância, é que a música seja lembrada como gesto de transformação. Ele afirma:
“A mensagem que eu gostaria que ficasse é de esperança, de amor pelo que a gente é. Que cada pessoa volte pra casa lembrando que a nossa cultura é força e que ela pode transformar vidas”.