Vendas de bebidas caem após casos de intoxicação por metanol
Pesquisa aponta queda de quase 20% nas vendas de bebidas em meio à crise do metanol
As vendas de bebidas alcoólicas registraram forte queda em São Paulo na última semana, segundo pesquisa realizada pela Varejo 360. O levantamento, referente à 39ª semana do ano, mostra retração de 19,7% no volume comercializado em comparação ao mesmo período de 2024. A redução ocorre em meio ao aumento de casos de intoxicação por metanol no estado.
De acordo com o Ministério da Saúde, foram registradas até sábado (4) 195 notificações em todo o país, das quais 13 resultaram em morte. O estado de São Paulo concentra a maioria dos casos, com 162 ocorrências — 14 confirmadas e 148 ainda em investigação. As notificações se espalham por 27 municípios.
A capital paulista é o epicentro da situação, com 11 casos confirmados e 75 sob análise. A Prefeitura de São Paulo confirmou duas mortes causadas pela intoxicação. A primeira foi a do empresário Ricardo Lopes Mira, no dia 15 de setembro. A segunda ocorreu em 2 de outubro, com a morte de Marcos Antônio Jorge Júnior, de 46 anos, que apresentou sintomas no final de setembro e foi internado no Hospital Municipal Dr. Carmino Caricchio, no Tatuapé.
Enquanto as autoridades de saúde reforçam alertas à população e intensificam fiscalizações, o comércio sente os efeitos diretos. O maior impacto foi identificado nas bebidas destiladas, segmento associado aos casos de contaminação. A venda desses produtos recuou 21,3%. Em seguida, a comercialização de cervejas caiu 20,1%, e a de aguardente, 10,5%. Já vinhos e espumantes registraram retração de 9,6%.
Entre os destilados, vodca e gin aparecem entre as bebidas de maior risco de contaminação apontadas pelas autoridades sanitárias. A venda de vodca caiu 19,3%, enquanto o gin apresentou redução de 1,9%. A única exceção foi o whisky, que teve leve alta de 0,5% nas vendas.
Além disso, a percepção de risco entre consumidores e a ampla cobertura dos casos contribuíram para o comportamento de retração no mercado. A Varejo 360 observou que o movimento tende a afetar principalmente pequenos estabelecimentos e bares de bairro, onde o controle de origem das bebidas pode ser mais vulnerável.
O Ministério da Saúde e a Secretaria Estadual da Saúde de São Paulo mantêm monitoramento contínuo dos casos e recomendam que a população consuma apenas bebidas industrializadas e com registro no Ministério da Agricultura.
Sendo assim, a crise causada pela presença de metanol em bebidas adulteradas afeta tanto a saúde pública quanto o desempenho do setor varejista, especialmente no estado de São Paulo.