Livro em cordel sobre refugiado resgata vozes silenciadas pela guerra
O drama dos refugiados continua estampando manchetes, e a literatura se torna um espaço essencial de memória, denúncia e empatia. É nesse cenário que surge o livro A longa caminhada de Jamil fugindo da guerra, obra infantojuvenil do poeta, dramaturgo e compositor Moreira de Acopiara, ilustrada por Luciano Tasso.
Publicação da Cortez Editora, a narrativa transporta o leitor para a dolorosa jornada de um homem sírio em busca de paz e dignidade. O autor se inspira em uma história real para dar voz a milhões de pessoas forçadas a deixar suas casas, famílias e raízes para escapar da violência.
Escrito em sextilhas de cordel, o relato acompanha Jamil, que cruza oceanos, lida com as perdas e mantém viva a lembrança dos que ficaram para trás, mostrando que o exílio é tanto físico quanto emocional. Sem alternativas, ele enfrenta desafios como a fome e o cansaço, barreira de soldados na fronteira, o mar perigoso e imponente, até desembarcar em uma terra desconhecida.
A força da literatura de cordel, com sua oralidade, ritmo e poesia, dá intensidade ao enredo, tornando-o acessível e impactante para um público de diferentes idades. Mais do que uma história individual, o protagonista encarna um símbolo universal de resistência,
A obra chega em um momento crucial, quando conflitos armados e crises humanitárias se multiplicam pelo mundo. Ao longo dessa caminhada, o leitor é convidado a refletir sobre as incertezas dos refugiados e a enxergar, por trás das estatísticas, rostos, nomes e histórias que pedem acolhimento e solidariedade.
Com ilustrações expressivas e texto que demonstra a grande sensibilidade de Moreira de Acopiara ao tratar de um doloroso tema, A longa caminhada de Jamil fugindo da guerra é uma leitura capaz de emocionar e despertar debates sobre paz, humanidade e direitos.
O autor
Moreira de Acopiara é o nome artístico de Manoel Moreira Júnior, poeta, dramaturgo e compositor cearense. Publicou centenas de folhetos de cordel e mais de 30 livros, sendo reconhecido como um dos grandes nomes do gênero. Desde 2005, ocupa a cadeira nº 4 da Academia Brasileira de Literatura de Cordel (ABLC). Sua obra é marcada pela força poética e pelo compromisso em retratar a vida, as lutas e a resistência do povo brasileiro, sempre com lirismo e crítica social.