Indústria goiana reage e acumula avanço de 2,1% em julho e agosto
A indústria goiana engatou em agosto o segundo mês consecutivo de alta
na série do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) com
dados dessazonalizados, que excluem fatores e eventos que ocorrem todos
os anos em iguais períodos, permitindo acompanhar a evolução do setor
mês a mês. Depois de sofrer baixa de 2,60% na comparação entre junho e
abril deste ano, a produção avançou 2,10% entre agosto e junho, o que
manteve os volumes produzidos ainda 0,55% abaixo dos níveis alcançados
no quarto mês de 2025. A pesquisa mensal da produção industrial mostrou
avanços de 0,7% na passagem de junho para julho e de 1,4% em agosto na
comparação com o mês imediatamente anterior.
Os dados não ajustados sazonalmente, tomando como base idênticos
períodos de 2024, mostram que o desempenho mais positivo nos últimos
meses tem sido influenciado principalmente pelo incremento na produção
de alimentos, com o IBGE destacando avanços na produção de leite
condensado e maionese e frigoríficos dedicados ao abate e processamento
de carne bovina, além de indústrias de fabricação de ligas de ferroníquel e
ferronióbio, no setor de metalurgia, e automóveis e chassis com motores no
segmento de veículos.
Comparada a agosto do ano passado, a indústria em geral aumentou sua
produção em 2,9% alcançando o quinto mês consecutivo de resultados
positivos nesse tipo de comparação. Em relação aos primeiros oito meses
do ano passado, a produção goiana passou a acumular elevação de 1,6% –
acima do incremento médio observado para o setor industrial em todo o
País, numa variação de 0,9%.
Mês a mês, na série dessazonalizada, a indústria abriu o ano com baixo
desempenho, Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) recuo
de 0,1% em janeiro frente a dezembro, modestíssimo avanço de 0,3% em
fevereiro e baixa de 1,7% em março. A queda foi seguida de uma alta de
3,7% em abril, melhor resultado do ano até o momento nesse tipo de
comparação, que considera o mês imediatamente anterior. Na sequência,
foram dois meses de perdas, com baixas de 1,2% e de 1,5%
respectivamente em maio e junho, e dois meses de recuperação, com
incrementos de 0,7% e de 1,4% em julho e agosto, conforme já registrado.
Reversão
Numa linha semelhante, os três meses iniciais deste ano haviam mostrado
comportamento medíocre da produção, agora na comparação com os
mesmos períodos de 2024, com variação de 0,4% em janeiro, estagnação
em fevereiro e baixa de 1,3% em março. Os três meses seguintes trouxeram
variações positivas, mas decrescentes, com altas de 4,4% em abril
(novamente, melhor resultado do ano até aqui), de 1,7% em maio e de 0,8%
em junho. A indústria voltou a acelerar em julho e agosto, registrando
crescimento de 2,6% e de 2,9% naquela mesma ordem. Essa reversão de
tendência, ainda a ser confirmada pelos resultados dos próximos meses,
veio num cenário de incertezas no campo da geopolítica internacional, com
a entrada em vigor do tarifaço imposto pelos Estados Unidos, dúvidas em
relação ao comportamento das exportações dali em diante e taxas de juros
muito elevadas domesticamente. O perfil da indústria goiana, mais
concentrada em bens de consumo não duráveis, pode ter ajudado na
mudança de sinais – numa configuração que ainda terá que ser confirmada
nas próximas edições da pesquisa da produção industrial.
Balanço
Em agosto, especificamente, mais de um terço do crescimento da
produção esteve associado à indústria de alimentos, segundo dados
do IBGE. Mais precisamente, o setor respondeu por quase 34,5% da
variação de 2,9% anotada pelo conjunto da indústria instalada no
Estado. A produção de alimentos industrializados em Goiás havia
registrado seis meses consecutivos de retração entre outubro do ano
passado e março deste ano, passando a anotar, em seguida, cinco
meses de números mais positivos, ainda que a sequência mais
recente tenha indicado algum desaquecimento no ritmo de
crescimento.
Em junho, julho e agosto, a produção goiana de alimentos cresceu
7,0%, 5,9% e 2,5% naquela mesma ordem, passando a acumular
variação de 1,7% na comparação entre janeiro e agosto deste ano
com os mesmos oito meses do ano passado. A produção de carne
bovina esteve entre os setores destaques pelo IBGE por sua
contribuição para o crescimento da indústria de bens alimentícios.
Além do consumo doméstico, aquele comportamento pode estar
relacionado ao fato de a indústria frigorífica ter conseguido,
aparentemente, compensar impactos negativos eventuais do tarifaço
estadunidense sobre as vendas externa do setor. Os dados oficiais
mostram que os volumes de carne bovina fresca e congelada
exportados pelo setor apenas oscilaram entre julho e agosto deste
ano, saindo de 34,387 mil para 34,212 mil toneladas – o que
significou um incremento de 6,3% em relação a exportações de
32,178 mil toneladas em agosto do ano passado.
Entre janeiro e agosto deste ano, as exportações de carne bovina
aproximaram-se de 232,775 mil toneladas, praticamente reeditando
os volumes registrados nos mesmos oito meses do ano passado,
quando a indústria frigorífica havia embarcado 232,183 mil
toneladas em direção a mercados no exterior.
Um dos principais diferenciais esteve no comportamento dos preços
médios de exportação, que experimentaram alta de 16,9% entre
aqueles dois períodos. Apenas em agosto deste ano, os preços
saltaram praticamente 23,4% em relação a idêntico mês do ano
passado.
Esse comportamento pode refletir tanto uma mudança no perfil das
carnes embarcadas para o exterior, com a incorporação de cortes
mais caros, quanto uma tendência de demanda em aquecimento lá
fora, virtualmente anulando os efeitos esperados do tarifaço, numa
visão agregada. Evidentemente, plantas frigoríficas mais
dependentes do mercado dos EUA tenderiam a sofrer resultados mais
severos do que as demais, mas isso não parece ter afetado o
desempenho do setor como um todo.
A produção de ligas de ferronióbio e de ferroníquel ajudou a
incrementar a metalurgia goiana, que havia anotada baixa de 3,4%
em julho, mas saltou 17,4% em agosto, sempre na comparação com
os mesmos meses de 2024. O setor respondeu por pouco mais de um
quarto do crescimento geral da produção em agosto, embora ainda
aponte recuo de 0,9% no acumulado entre janeiro e agosto.
A produção de veículos chegou à terceira alta mensal consecutiva,
sempre registrando variação de dois dígitos na comparação com os
mesmos meses de 2024. O setor registrou altas de 15,6% em junho,
de 39,6% em julho e de 26,0% em agosto, quando contribuiu com
24,5% para o aumento geral da produção industrial. Aqueles três
setores – alimentos, metalurgia e veículos – explicaram 84,48% do
crescimento observado para o conjunto da indústria em agosto.