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sexta-feira, 5 de dezembro de 2025
Hollywood

A despedida de Diane Keaton

Ícone de Hollywood, vencedora do Oscar e musa de gerações, morreu aos 79 anos na Califórnia

Luana Avelarpor Luana Avelar em 13 de outubro de 2025
Diane Keaton
Foto: divulgação

A morte de Diane Keaton, no último sábado (11), aos 79 anos, encerrou uma das carreiras mais marcantes de Hollywood. Nascida Diane Hall, em Los Angeles, 1946, reinventou-se cedo: trocou o sobrenome, criou um estilo e moldou uma persona que uniu vulnerabilidade e humor nervoso. No cinema, tornou-se ícone fashion com Annie Hall; na vida, atravessou doenças, amores conturbados e a maternidade tardia com uma ironia que nunca a abandonou.

Foi em 1972, no papel de Kay Corleone em O poderoso chefão, que apareceu ao lado de Al Pacino como testemunha incômoda do império mafioso. Mas seria com Woody Allen que escreveria sua assinatura definitiva. Noivo neurótico, noiva nervosa (1977) deu a ela o Oscar de melhor atriz e a fixou na memória coletiva como Annie Hall, aspirante a cantora de figurino andrógino. Aquelas gravatas frouxas, os coletes sobre calças largas, capturados por Nova York, viraram código visual de uma geração. O filme não apenas a consagrou: fundiu atriz e personagem num mito difícil de separar.

A parceria com Allen se estendeu por oito filmes. O romance entre eles, confessado em entrevistas e lembrado em sua autobiografia Agora e sempre (2012), foi ao mesmo tempo ficção e realidade. “Me apaixonei por Allan, como no texto, mas também por Woody”, escreveu. Décadas depois, dizia ainda ser amiga íntima do diretor, indiferente às polêmicas.

O livro revelou também o subterrâneo de sua vida. Keaton relatou sem pudor os anos de bulimia, vencidos após sessões de psicanálise. “Eu era uma glutona. Mudei completamente quando consegui falar”, afirmou. Ali costurou sua história com os diários da mãe, Dorothy Keaton Hall, vítima de Alzheimer, a quem descreveu como “artista em busca de expressão”. A justaposição das duas vozes tornou o livro mais que autobiografia: foi um ritual de reconciliação.

Na vida amorosa, houve nomes como Warren Beatty, Al Pacino e Allen. Mas o casamento nunca esteve nos planos. A maternidade só viria depois dos 50, com a adoção de Dexter e Duke. “Sou mãe solteira, e isto não é fácil. Mas acho que estamos indo bem”. A frase, dita em tom prático, escondia o impacto: para ela, ter filhos era mais transformador do que qualquer papel.

Entre conquistas, vieram três outras indicações ao Oscar: Reds (1981), As filhas de Marvin (1996) e Alguém tem que ceder (2003). Nesta última, dividiu cenas com Jack Nicholson em um duelo tardio sobre envelhecer e amar. Também brilhou em comédias como Presente de grego, O pai da noiva e O clube das desquitadas. Seu último filme foi Summer Camp (2024), ao lado de Eugene Levy e Kathy Bates. Fora das telas, tornou-se referência em arquitetura doméstica, restaurando casas em Los Angeles, e seguiu colecionando chapéus como extensões de sua identidade.

Nos últimos meses, a saúde se deteriorou rapidamente. Em março, colocou a mansão à venda por US$29 milhões. Cercada pelos filhos, preferiu recolhimento. A notícia da morte, divulgada pela People, não trouxe detalhes da causa, apenas o silêncio da família.

As homenagens a Diane Keaton reuniram colegas de várias gerações. Goldie Hawn lembrou a parceria em O clube das desquitadas (1996) e falou em um “rastro de pó mágico” deixado pela amiga; Bette Midler destacou seu humor e originalidade sem competitividade; Leonardo DiCaprio, que filmou com ela em As filhas de Marvin (1996), definiu-a como “lenda, ícone e ser humano gentil”; Jane Fonda a chamou de “centelha de vida e luz”; Mary Steenburgen afirmou que ela era “mágica”; e Mandy Moore, que a viveu como mãe no cinema, disse ter tido o privilégio de conviver com um de seus heróis, descrevendo-a como incandescente e inesquecível.

As despedidas, vindas de tempos e experiências distintas, convergem para um mesmo ponto: a morte de Diane Keaton representa a perda de uma das intérpretes mais originais do cinema americano das últimas cinco décadas. Atriz, diretora e escritora, construiu uma obra que atravessou gerações e influenciou a cultura contemporânea para além das telas. Sua ausência reforça o lugar de Annie Hall e Kay Corleone no imaginário coletivo e confirma Diane Keaton como uma das vozes mais consistentes e inconfundíveis de Hollywood.

Diane Keaton
Atriz e cineasta, fez de personagens autênticos sua marca ao longo de cinco décadas. Foto: Instagram

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