O Martim Cererê, no Setor Sul de Goiânia, recebe no sábado (18) a edição de Halloween do Cidade Rock. A proposta é unir performances autorais, decoração temática e referências ao terror clássico em uma noite que começa às 18h e se estende até a madrugada. A entrada é gratuita até 20h mediante doação de 1kg de alimento não perecível. Após esse horário, os ingressos custam R$ 30, também acompanhados da doação.

O evento faz parte do projeto Cidade Rock, realizado desde 2018 pela Monstro Discos, com a proposta de manter ativa a cena autoral goiana. Ao longo dos anos, o projeto se consolidou como espaço de estreia de bandas e circulação de artistas que buscam se afirmar fora do circuito comercial. A edição de Halloween amplia essa missão com uma programação que valoriza o peso, a teatralidade e a diversidade do underground local.

Realife e o horror como crônica social

Principal atração da noite, a Realife aposta em uma estética marcada por maquiagem carregada, presença de palco agressiva e letras que cruzam o grotesco com críticas sociais. Criada em 2017 pelos irmãos Cleiton Magno e Cleyton Mariano, a banda lançou em 2023 o álbum Cesium-137, inspirado no acidente radiológico de Goiânia. O grupo prepara para 2025 o EP As Ugly As Your Beauty. Atualmente, a formação conta com Lorena Escobar (baixo) e Fabrício Endoparasita (teclado). Para os integrantes, “nada é mais assustador que a vida real” — frase que sintetiza a escolha por unir terror e realidade em suas composições.

Teia conecta Goiânia ao circuito internacional

A Teia, formada por Augusto Scartezini, Humberto Medeiros e Adriano Abre, leva ao palco o peso do nu metal e do hardcore. Com letras que tratam de ansiedade, raiva e sobrevivência, a banda lançou em 2025 o álbum Metamorph pelo selo britânico Earache Digital Distribution, que já revelou nomes como Napalm Death e Carcass. A presença no catálogo internacional reforça a expansão de um grupo surgido em 2023 e que rapidamente se tornou referência no cenário local.

Post-punk e atmosferas góticas

A Amados Mortos representa a vertente mais melancólica da programação. Inspirada em bandas como Sisters of Mercy e Lebanon Hanover, a formação com Cléber, Seven Anne, Ivan de Toledo, Silvio e Isaac explora o pós-punk e o darkwave em composições como Loved Dead, Darkness e Licantropia. As músicas tratam de solidão, luto e renascimento.

Vertigo e The Last Shot completam line-up

A Vertigo traz ao evento o peso do metal alternativo, marcado por influências do nu metal dos anos 2000 e nuances de shoegaze. Já a The Last Shot apresenta repertório que combina classic rock e pós-punk, com letras de teor existencial. As duas bandas reforçam a diversidade da noite, que aposta em diferentes estéticas para marcar a resistência cultural.

Ritual coletivo

Além da música, a festa terá ambientação temática, maquiagem gratuita para o público, cerveja, food trucks e drinks preparados especialmente para a noite. Fantasias serão premiadas com brindes. A proposta é construir uma experiência que mistura espetáculo, participação do público e valorização da cena autoral.

Em um momento de forte influência das plataformas digitais no consumo musical, o Cidade Rock aposta na dimensão coletiva. O Halloween no Martim Cererê se apresenta como um ritual de celebração da diferença, em que a música ao vivo continua sendo instrumento de identidade e resistência cultural.

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