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sexta-feira, 5 de dezembro de 2025

Saldo comercial salta 84% em setembro em Goiás, sob a liderança dos chineses

Lauro Veiga Filhopor Lauro Veiga Filho em 15 de outubro de 2025
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Os efeitos do tarifaço trumpista parecem ter sido “revigorantes” para a
balança comercial goiana, ainda que os estilhaços da desastrosa política
comercial estadunidense possa ter atingido este ou aquele setor da
economia em particular. De todo modo, os reflexos parecem muito
limitados e não chegaram a afetar os resultados agregados, que mostram
melhora ainda mais vigorosa precisamente no período imediatamente
seguinte à entrada em vigor da “supertarifa” de 50% imposta pelos Estados
Unidos ao Brasil.
O saldo entre exportações e importações já havia experimentado alta de
48,8% em agosto, comparado ao mesmo mês de 2024, e passou a registrar
salto de 83,79% em setembro, com avanço significativo das exportações e
variação mais modesta para as importações, como mostram as estatísticas
da Secretaria de Comércio Exterior (Secex), vinculada ao Ministério do
Desenvolvimento, Indústria, Comércio e Serviços (Mdic). Como se sabe, a
ofensiva estadunidense foi iniciada em abril deste ano com a aplicação de
uma tarifa de 10% sobre todas as exportações brasileiras e escalou com o
anúncio de uma sobretarifa de 50% em vigor desde 6 de agosto.
Os números de setembro colocam as vendas externas totais do Estado
naquele mês em US$ 1,191 bilhão, num avanço de 14,15% frente a agosto
deste ano e em alta de 38,5% na comparação com US$ 859,695 milhões
exportados em igual mês do ano passado, correspondendo a um acréscimo
de US$ 331,010 milhões durante o pleno vigor do tarifaço. Os volumes
despachados pelas empresas que operam em Goiás em direção mercados
fora do País cresceram de forma ainda mais relevante, subindo 51,0%, já
que passaram de 1,483 milhão para 2,240 milhões de toneladas. O
desempenho proporcionalmente menos intenso observado para os valores
exportados explicam-se em função do recuo de 8,28% no preço médio em
dólar de cada tonelada exportada.
Discrepância aparente
As importações goianas, que vinham sofrendo baixas nos meses anteriores,
saíram de U$ 478,538 milhões em setembro de 2024 para US$ 490,178
milhões em idêntico mês deste ano, numa variação modesta de 2,43%. Os
volumes comprados no exterior por empresas instaladas em Goiás, no
entanto, cresceram 18,62%, de 248,995 mil para 295,369 mil toneladas. A

discrepância (aparente) entre os dois dados pode ser explicada pela
tendência recente de baixa nos preços dos produtos, matérias-primas e
insumos comprados lá fora pelo Estado, em queda de 13,65% em relação
aos valores médios pagos por tonelada em setembro do ano passado – uma
redução menos intensa do que o tombo de 25,71% registrado em agosto. O
crescimento mais vigoroso das exportações, puxado pelas vendas de soja e
milho em grão, trouxe como resultado um salto do superávit comercial de
US$ 381,157 milhões para US$ 700,527 milhões na comparação entre
setembro deste ano e o mesmo período do ano passado, num incremento de
US$ 319,370 milhões.
Balanço
 O desempenho do comércio com a China foi determinante para o
aumento do saldo entre exportações e importações no mês passado,
ainda que os números relativos às transações com os Estados Unidos
tenham se mantido, apesar de tudo, em terreno muito positivo.
 As exportações goianas para os chineses aumentaram 149,62% entre
setembro do ano passado e o mesmo mês deste ano, avançando de
US$ 184,410 milhões (21,45% das vendas externas estaduais no
período) para US$ 460,330 milhões, respondendo por uma fatia de
38,66% de tudo o que Goiás exportou em setembro passado. A
comparação mostra ainda uma evolução de US$ 275,920 milhões, o
que representou uma contribuição de 83,36% para o aumento geral
das vendas externas estaduais naquele mesmo intervalo.
 Como as compras de produtos chineses caíram 7,21% no mesmo
período, de US$ 127,115 milhões para US$ 117,949 milhões, o
superávit do Estado em relação à China disparou literalmente,
saltando quase seis vezes. Para comprovar, o saldo havia sido de
apenas US$ 57,294 milhões em setembro do ano passado,
correspondendo a 15,03% do superávit total de Goiás, e alcançou
US$ 342,382 milhões em igual mês deste ano, correspondendo a
48,87% do superávit geral.
 Em valores absolutos, portanto, o superávit com a China
experimentou incremento de US$ 285,088 milhões e contribuiu com
89,27% para o crescimento do saldo comercial total do Estado
sempre na comparação entre setembro do ano passado e igual
período deste ano.
 Olhando apenas as exportações, as vendas externas de soja em grão
tiveram contribuição de 60,81% no avanço das exportações mensais.
O Estado exportou US$ 315,677 milhões em setembro deste ano
diante de US$ 114,388 milhões apenas em soja exportada no mesmo
mês de 2024, numa variação de 175,97% (ou seja, perto de US$
201,289 milhões a mais). Praticamente 98,9% da soja goiana tiveram

o mercado chinês como destino, com as vendas para aquele país
somando US$ 311,812 milhões, num salto de 378,54% diante de
US$ 65,158 milhões em setembro de 2024.
 A balança goiana com os Estados Unidos deixou para trás um déficit
de US$ 13,389 milhões em setembro do ano passado e voltou a
anotar saldo em favor de Goiás na faixa de US$ 20,957 milhões no
mesmo mês deste ano. As exportações goianas para aquele mercado
cresceram 20,9% na mesma comparação, subindo de US$ 53,475
milhões para US$ 64,645 milhões, enquanto as importações
despencaram 34,66%, de US$ 66,864 milhões para US$ 43,688
milhões.
 Ao contrário das expectativas mais gerais, as vendas goianas para os
EUA chegaram a disparar entre agosto e setembro deste ano, no que
pode ter sido um movimento negociado entre exportadores e
importadores para compartilhar os custos do tarifaço. Na soma total,
Goiás exportou US$ 64,645 milhões em setembro, crescendo
63,31% diante de US$ 39,586 milhões no mês imediatamente
anterior. Praticamente 87,4% desse aumento vieram do embarque
ainda crescente de carne bovina resfriada ou congelada, que avançou
de US$ 8,215 milhões em agosto para US$ 30,106 milhões em
setembro, num incremento de 266,5%.
 As exportações de carne bovina, um dos produtos atingidos pelo
tarifaço, mantiveram-se em crescimento na comparação com os
mesmos períodos do ano passado. Em setembro, especificamente, as
exportações do setor subiram de US$ 151,870 milhões no passado
para US$ 232,761 milhões neste ano, num aumento de 53,26%. A
variação foi favorecida pela alta de quase 19% nos preços médios,
mas também pela alta de 28,85% nos volumes exportados, que
saíram de 32,272 mil para 41,582 mil toneladas.

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