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sexta-feira, 5 de dezembro de 2025
SAÚDE

Saiba quais são as profissões que lideram afastamentos por saúde mental no país

Motoristas de ônibus e bancários lideram afastamentos por saúde mental no Brasil, aponta INSS

Bia Salespor Bia Sales em 28 de outubro de 2025
Saúde mental
Motoristas de ônibus, gerentes de banco, escriturários, técnicos de enfermagem e vigilantes formam o top 5 das categorias com mais pedidos de afastamento concedidos na modalidade B91.(Imagem: Reprodução)

A saúde mental dos trabalhadores brasileiros segue em alerta. Dados do Instituto Nacional do Seguro Social (INSS), reunidos na plataforma Smartlab — ferramenta do Ministério Público do Trabalho (MPT) e da Organização Internacional do Trabalho (OIT) — revelam quais são as profissões com maior número de afastamentos por transtornos mentais e comportamentais reconhecidos como doença ocupacional no país.

O levantamento, que abrange o período de 2012 a 2024, mostra que motoristas de ônibus, gerentes de banco, escriturários, técnicos de enfermagem e vigilantes formam o top 5 das categorias com mais pedidos de afastamento concedidos na modalidade B91 — o benefício previdenciário pago a trabalhadores que adoecem em decorrência direta de suas atividades profissionais.

Esses afastamentos são distintos do auxílio-doença comum (B31), concedido em casos de enfermidades sem relação comprovada com o trabalho. A diferença entre os dois benefícios é definida por perícia médica do INSS, que avalia se o quadro tem nexo causal com o ambiente ou as condições laborais.

Epidemia silenciosa nas empresas

Saúde mental - afastamentos INSS
Segundo o próprio INSS, existem hoje 2,6 milhões de pedidos de benefícios ainda pendentes de análise. (Imagem: Fábio Rodrigues/Agência Brasil)

O aumento dos casos é alarmante. Apenas entre 2023 e 2024, o total de afastamentos por doenças que afetam a saúde mental, com ou sem relação com o trabalho, saltou de 283 mil para 471 mil — um crescimento de 66% em apenas um ano.

Especialistas atribuem essa explosão a fatores como pressão por produtividade, insegurança no emprego, sobrecarga emocional e falta de políticas efetivas de bem-estar. A precarização das relações trabalhistas e o avanço do burnout (síndrome do esgotamento profissional) em várias categorias têm agravado o cenário.

Ao mesmo tempo, o sistema previdenciário enfrenta gargalos. Segundo o próprio INSS, existem hoje 2,6 milhões de pedidos de benefícios ainda pendentes de análise, o que representa um obstáculo adicional para trabalhadores que estão com a saúde mental prejudicada e que dependem do auxílio para tratamento e recuperação.

Os números por categoria

Saúde mental - estresse
Pressão por metas, competição interna e um ambiente de cobrança constante são fatores que mais prejudicam a saúde mental no trabalho. (Imagem: Reprodução)

No ranking das profissões com maior número de afastamentos por transtornos mentais que prejudicam a saúde mental reconhecidos como ocupacionais, os motoristas de ônibus aparecem no topo. A rotina intensa, jornadas prolongadas, cobranças de horários e o contato diário com o trânsito e passageiros contribuem para altos níveis de estresse e ansiedade.

Em seguida, vêm gerentes e escriturários de banco, que sofrem pressão por metas, competição interna e um ambiente de cobrança constante. No caso dos gerentes, a proporção de casos reconhecidos como doença do trabalho é a mais alta entre todas as categorias: 37,76% dos 13.077 afastamentos tiveram origem comprovada nas condições laborais — quase quatro a cada dez profissionais.

Já entre os escriturários, função de entrada no setor bancário, o percentual cai para 18,77% dos cerca de 23 mil afastamentos registrados. Ainda assim, a incidência é considerada significativa diante da natureza administrativa da atividade.

A quarta posição é ocupada pelos técnicos de enfermagem, categoria que acumula mais de 48 mil afastamentos por saúde mental no período analisado. No entanto, apenas 8,17% dos casos foram enquadrados como doença ocupacional. Apesar do índice relativamente baixo, a sobrecarga física e emocional dessa profissão é reconhecida como uma das mais intensas do país, especialmente após a pandemia.

Fechando o top 5 das profissões que mais possuem afastamentos por saúde mental estão os vigilantes, grupo exposto a riscos de violência, longas jornadas e isolamento. Embora não liderem em volume absoluto, a categoria registra crescimento contínuo de afastamentos, indicando um desgaste psicológico crescente.

A tendência preocupa também o Ministério Público do Trabalho. Em nota técnica recente, o MPT reforça que a saúde mental deve ser tratada como parte central das políticas de segurança e saúde do trabalho, exigindo diagnósticos preventivos, programas de escuta e acompanhamento psicológico periódico.

Cenário em transição

Os dados mostram um país que ainda tenta equilibrar as exigências do mercado com o bem-estar de seus trabalhadores. O aumento de diagnósticos de ansiedade, depressão e burnout reflete uma mudança geracional: os profissionais mais jovens já cobram mais qualidade de vida e rejeitam ambientes tóxicos.

Ao mesmo tempo, empresas que ignoram esse debate têm enfrentado perdas de produtividade, absenteísmo e danos à imagem corporativa.

Leia mais: Nova lei garante pensão do INSS a netos, enteados e sobrinhos

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