Quem são os investigados na operação da PF que apura suspeita de tráfico de influência no MEC
Operação aponta lobistas, empresários e articuladores políticos suspeitos de usar influência para favorecer contratos ligados ao MEC
A operação deflagrada pela Polícia Federal nesta quarta-feira (12) revelou um possível esquema de intermediação de interesses privados dentro do Ministério da Educação (MEC) envolvendo lobistas, empresários e operadores financeiros. Entre os investigados estão Carla Ariane Trindade, ex-nora do presidente Luiz Inácio Lula da Silva, e Kalil Bittar, ex-sócio de um dos filhos do presidente.
Segundo a investigação, o grupo afirmava ter trânsito dentro do governo federal e prometia facilidades na liberação de verbas e contratos públicos, especialmente ligados ao MEC e ao Fundo Nacional de Desenvolvimento da Educação (FNDE). A PF afirma que nenhum indício aponta envolvimento do presidente Lula ou de seu filho Marcos Cláudio, que apenas estava presente em um dos endereços alvos das buscas.
Carla Ariane Trindade — ex-nora de Lula
Carla é apontada pela PF como parte do núcleo político do esquema. Segundo o inquérito, ela utilizava sua rede de contatos e a proximidade com pessoas que transitam no governo federal para defender interesses privados de empresários. A PF afirma que ela atuava como uma espécie de lobista informal, aproximando empresários de gestores públicos e dialogando com prefeituras e órgãos federais.
Carla foi alvo de buscas. Em um dos endereços, ela estava acompanhada de Marcos Cláudio Lula da Silva, seu ex-marido, que não é investigado.
Kalil Bittar — ex-sócio de Lulinha
Kalil também é apontado como um dos principais articuladores políticos. Para a PF, ele se apresentava como alguém com influência dentro do governo e atuava para intermediar encontros, facilitar reuniões e abrir portas para empresários interessados em contratos públicos.
A investigação afirma que ele teria recebido benefícios financeiros e pagamentos ao longo das negociações e que participou de viagens e articulações relacionadas à iniciativa privada.
Kalil foi alvo de mandados de busca em Brasília.
Empresários ligados ao setor educacional
A operação também mira empresários que teriam buscado vantagens indevidas dentro do MEC. Segundo a PF, eles tentavam usar a atuação dos lobistas para conseguir contratos, liberar recursos e agilizar repasses. Parte desses empresários teria pago comissões e oferecido apoio aos operadores políticos do grupo.
Operadores financeiros (“doleiros”)
A Polícia Federal identificou ainda a atuação de operadores financeiros responsáveis por movimentar recursos de forma suspeita, com indícios de lavagem de dinheiro e ocultação de origem. Eles seriam responsáveis por converter valores, movimentar quantias em espécie e operar empresas de fachada utilizadas pelo grupo.

Essa parte da investigação permanece sob sigilo, e a PF não divulgou todos os nomes nesta fase.
Marcos Cláudio Lula da Silva — encontrado pela PF, mas não é investigado
Durante o cumprimento de um mandado em um imóvel ligado a Carla Ariane, os agentes encontraram Marcos Cláudio, filho adotivo de Lula.
Segundo a PF, ele não é alvo da investigação. Ele apenas estava no local no momento da operação e conversou com os agentes de forma tranquila.
O que diz a PF
A Polícia Federal reforçou que a operação mira intermediadores privados e articuladores políticos, não gestores federais. O foco é entender como empresários teriam buscado influenciar decisões dentro do MEC e se houve pagamento de vantagens indevidas.
Próximos passos da investigação
A PF agora analisa celulares, documentos, computadores e registros apreendidos. O inquérito busca esclarecer:
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se houve ganhos financeiros com a intermediação;
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quais contratos públicos foram alvo de influência;
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e quais servidores ou autoridades foram procurados pelos investigados.
O caso segue sob sigilo judicial.