Brasil reduz mortes prematuras por doenças crônicas
Em 30 anos, risco de morrer antes dos 70 anos caiu de 23% para 15%, segundo estudo da Fiocruz; desigualdade regional ameaça avanço no combate às doenças crônicas
O Brasil conseguiu reduzir em um terço a mortalidade prematura por doenças crônicas não transmissíveis (DCNT) nas últimas três décadas, mas ainda está distante da meta global da ONU de cortar essas mortes em 33% até 2030. O dado é de um estudo publicado na revista Cadernos de Saúde Pública, elaborado por pesquisadores da Fiocruz, Universidade Federal de Minas Gerais, Universidade de Brasília e Universidade de Washington.
Entre 1990 e 2021, a probabilidade de morte precoce — entre 30 e 69 anos — caiu de 23,3% para 15,2%. A melhora é atribuída à ampliação do acesso ao SUS, ao avanço das políticas de prevenção e ao desenvolvimento de tratamentos mais eficazes para doenças cardiovasculares, câncer, diabetes e doenças respiratórias crônicas.
O progresso, contudo, ocorre de forma desigual. O estudo mostra que as regiões Sul e Sudeste concentram as maiores reduções, enquanto o Norte e o Nordeste avançam em ritmo mais lento, refletindo desigualdades históricas em infraestrutura, renda e cobertura de atenção básica.
Mesmo com os avanços, as DCNT seguem como a principal causa de morte no país. Segundo o Ministério da Saúde, foram responsáveis por 41,8% das mortes prematuras em 2019. Em escala global, essas doenças representam 75% dos óbitos, o equivalente a 41 milhões de vidas perdidas por ano.
Os pesquisadores alertam que, mantidas as tendências atuais, o Brasil não atingirá o objetivo de reduzir um terço das mortes até o fim da década. A conquista de novas curvas dependerá da capacidade do país de enfrentar as causas estruturais: alimentação precária, sedentarismo, tabagismo e desigualdade.
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