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sexta-feira, 5 de dezembro de 2025

Vendas perdem fôlego no País (mas ganham ritmo em Goiás)

Lauro Veiga Filhopor Lauro Veiga Filho em 14 de novembro de 2025
Vendas
Foto: Valter Campanato/Agência Brasi

As pesquisas conjunturais continuam apontando um cenário de perda de ímpeto da atividade econômica no terceiro trimestre deste ano, tendência reforçada a partir dos dados mais recentes sobre as vendas do varejo divulgados ontem pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE). Os números acompanham, de certa forma, a desaceleração registrada pelos preços em geral e parecem sancionar um cenário de menores pressões inflacionárias daqui em diante, reforçado pelo dólar muito bem-comportado – muito obviamente, caso não sobrevenham surpresas negativas ao longo das próximas semanas.

Em setembro, período mais recente investido pela equipe de pesquisadores do IBGE em todo o País, as vendas do comércio varejista mais tradicional, que exclui o chamado “atacarejo” de materiais de construção e de alimentos e ainda as concessionárias de motos e veículos, recuaram 0,3% na passagem de agosto para setembro, na série de dados ajustados sazonalmente. Nesse mesmo tipo de comparação, com exclusão de eventos e fatores que ocorrem nas mesmas épocas ano a ano, as vendas sofreram cinco baixas em seis meses, com ligeira elevação de 0,1% em agosto.

Nitidamente, o varejo convencional não conseguiu sustentar os volumes vendidos em março deste ano, quando o setor chegou a alcançar seu melhor momento na série histórica, passando a acumular um recuo de 1,1% na comparação entre setembro e março deste ano. Na saída de agosto para setembro, seis entre oito segmentos acompanhados pelo IBGE registraram números negativos, com crescimento apenas para as vendas de artigos farmacêuticos, médicos, ortopédicos e de perfumaria e para outros artigos de uso pessoal (com elevações, pela ordem, de 1,3% e de 0,5%).

Oscilações

No caso das farmácias e demais lojas do ramo de saúde e beleza, foi o terceiro resultado positivo em sequência, depois de um recuo de 0,6% em junho. Postos de combustíveis registraram o segundo revés mensal, com baixas de 0,7% e de 0,9% em agosto e setembro, sempre em relação ao mês imediatamente anterior. As redes de super e hipermercados, assim como as lojas de tecidos, roupas e calçados, mais dependentes dos rendimentos das famílias, vêm oscilando mais recentemente entre altos e baixos. As vendas dos supermercados chegaram a avançar 0,3% em agosto, depois de sofrerem baixas entre abril e julho, voltando ao terreno negativo em setembro, num recuo de 0,2%. Um comportamento semelhante tem sido observado para o segmento de lojas de equipamentos para escritório, informática e comunicação, que tiveram quedas de 2,3% e de 3,1% em junho e julho, com alta de 4,9% em agosto e novo revés em setembro, quando as vendas nesta mesma área recuaram 0,9%.

Balanço

No varejo mais amplo, que inclui o “atacarejo” e concessionárias de veículos, as vendas registram o segundo mês consecutivo de desaceleração, já que haviam registrado alta de 1,9% em julho, passando a variar 0,8% em agosto de apenas 0,2% em setembro, também tomando o mês imediatamente anterior como base.

Embora aponte ainda um dado positivo, o fato é que a pesquisa do IBGE apontou em setembro quedas de 0,8% e de 0,1% para as vendas de veículos, motos e autopeças e para materiais de construção, pela ordem. O avanço naquele mês parece ter sido sustentado pelo atacado especializado em alimentos, bebidas e fumo (embora o instituto ainda não divulgue resultados dessazonalizados para o segmento).

Os números registrados pela pesquisa em Goiás anotam um desempenho mais positivo frente ao restante do País, na média das regiões acompanhadas pelo IBGE. Na comparação dessazonalizada, o varejo convencional registrou aceleração na velocidade de crescimento das vendas, que haviam alcançado elevação modesta em agosto, variando 0,2% sobre julho (quando chegaram a cair 0,8% no quarto dado negativo em sequência), e passaram a crescer 1,8% em setembro. No varejo mais amplo, o Estado observou desaceleração, com avanço de 1,5% em setembro na sequência de uma alta de 4,3% em agosto.

Na comparação com o mesmo mês do ano passado, em todo o País, as vendas avançaram 0,8% no varejo restrito, na sexta alta seguida nesse tipo de comparação, com alta de 1,1% para o comércio varejista ampliado, saindo de três meses de números no vermelho. Neste caso, houve perdas de 1,6% e de 0,3% para veículos e materiais de construção. Todo o desempenho positivo ficou concentrado nas redes de atacado especializadas em alimentação, bebidas e cigarros, que elevaram suas vendas em 7,7% na primeira alta em 13 meses.

Em Goiás, o varejo mais convencional teve comportamento semelhante ao avançar 2,5% em setembro e encerrar um ciclo de três meses de quedas nas vendas, puxadas principalmente pela alta de 13,0% nas vendas de móveis e eletrodomésticos e de 12,6% para o segmento de artigos de saúde e beleza.

No varejo ampliado, ainda em Goiás, houve aceleração mais vigorosa, com alta de 7,4% nas vendas em relação a setembro do ano passado, o que se compara com a variação de apenas 1,2% em agosto e perdas sequenciais entre fevereiro e julho. Nesse período, os piores resultados haviam sido registrados em abril, maio e junho, quando o setor chegou a experimentar perdas de 8,8%, de 7,8% e de 6,6% respectivamente.

A reação em setembro veio influenciada, mais uma vez para o varejo amplo no Estado, pelo salto de 18,2% nas vendas de concessionárias de carros e motos e pela alta de 6,8% nas vendas de materiais de construção.

As séries trimestrais, tomando idênticos períodos do ano anterior para comparação, deixam mais evidente o desaquecimento observado para as vendas em todo o País. O varejo restrito teve suas vendas elevadas em 3,3% e 3,8% no terceiro e quatro trimestre de 2024, com altas de 1,3% no primeiro trimestre deste ano e de 2,5% no seguinte. Mas observou avanço de apenas 0,8% no terceiro trimestre.No varejo mais amplo, as vendas sofreram baixas de 0,6% e de 1,2% no segundo e no terceiro trimestres deste ano.

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