Desembolsos do BNDES dobram em Goiás, puxados pelo setor de energia
A necessidade de modernizar e ampliar a rede de distribuição de energia no Estado aqueceu os desembolsos do Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES) no terceiro trimestre deste ano, o que igualmente ajudou a incrementar o desempenho do banco de fomento em Goiás nos nove meses iniciais do exercício em curso. Os dados nominais divulgados pela instituição na sexta-feira, 14, mostram salto de 105,50% no valor total desembolsado no Estado entre julho e setembro deste ano, na comparação com idêntico intervalo de 2024, favorecidos não só pelo volume de crédito contratado pelo setor de energia elétrica no período, mas também pela base mais reduzida de comparação.
Os desembolsos superaram R$ 2,049 bilhões no terceiro trimestre deste ano, ante R$ 997,229 milhões liberados nos mesmos três meses do ano passado — quando haviam registrado um tombo de 28,75% frente ao igual período de 2023. Os números muito negativos de 2024 foram consequência de quedas de quase 84% nos créditos para a indústria, de 77,3% para o comércio, de 30,62% para a agropecuária e retração ainda de 96,87% nos empréstimos contratados pelo setor elétrico no Estado.
O cenário de agora revela forte reação no setor de energia elétrica, que viu os desembolsos saltarem de apenas R$ 159,558 mil para R$ 772,750 milhões, incremento de quase R$ 772,590 milhões — contribuição de 73,44% para o aumento nominal do total desembolsado no trimestre. A agropecuária manteve-se em terreno negativo, recuando 3,57%, de R$ 319,056 milhões para R$ 307,670 milhões. Já comércio e indústria de transformação exibiram franca recuperação, superando inclusive os valores de 2023 por ampla margem.
Comércio e indústria
No comércio, as contratações haviam encolhido de R$ 219,202 milhões no terceiro trimestre de 2023 para R$ 49,740 milhões em igual período de 2024, mas dispararam para R$ 263,583 milhões entre julho e setembro deste ano — alta de quase 430%. A indústria de transformação, que havia visto os desembolsos despencarem de R$ 252,095 milhões em 2023 para apenas R$ 40,430 milhões no mesmo trimestre de 2024, especialmente pela ausência de contratações na indústria de biocombustíveis, somou R$ 450,562 milhões no terceiro trimestre deste ano. O salto representa 1.014% frente a 2024 e 78,73% acima dos valores registrados em 2023.
Balanço
• No setor industrial, no terceiro trimestre, cinco projetos concentraram 71,14% dos recursos e responderam por 73,46% do crescimento registrado pelo BNDES. Uma parcela generosa das liberações foi destinada a três projetos dos setores farmoquímico e farmacêutico, além de uma indústria química em Anápolis, totalizando R$ 195 milhões, e outros R$ 50 milhões para o segmento químico em Goiânia.
• O quinto projeto, voltado à aquisição de bens de capital para uma planta de biocombustíveis em Chapadão do Céu, recebeu R$ 75,526 milhões.
• A aceleração dos desembolsos no trimestre impulsionou o resultado dos primeiros nove meses do ano, com o período respondendo por pouco mais de 71,5% da expansão acumulada até setembro, em valores nominais.
• Entre janeiro e setembro de 2024, o BNDES desembolsou pouco menos de R$ 2,103 bilhões em Goiás, retração de 16,38% frente ao mesmo intervalo de 2023. Já neste ano, o total liberado até setembro alcançou R$ 3,573 bilhões, alta de 69,93% — incremento de quase R$ 1,471 bilhão, dos quais R$ 1,052 bilhão somente no terceiro trimestre.
• Quase todo o crescimento foi resultado da explosão de recursos para o setor de energia elétrica, que passou de R$ 2,842 milhões entre janeiro e setembro de 2024 para R$ 1,418 bilhão neste ano — aumento de quase 500 vezes, representando 96,21% do crescimento total dos desembolsos.
• Cerca de dois terços dos recursos do setor elétrico foram destinados a dois projetos de distribuição de energia, somando aproximadamente R$ 910 milhões (64,19% do total destinado ao segmento).
• Excluindo o setor de energia — que concentrou 39,67% dos investimentos — o restante da economia recebeu R$ 2,156 bilhões até setembro, contra pouco menos de R$ 2,100 bilhões no mesmo período de 2024, variação nominal de 2,65%. Em termos reais, porém, há queda de 2,46% após descontada a inflação.
• A agropecuária reduziu contratações de R$ 758,374 milhões para R$ 633,137 milhões (baixa de 16,51%). Já a indústria de transformação viu os desembolsos crescerem de R$ 188,658 milhões para R$ 705,664 milhões (alta de 274%).
• O avanço concentrou-se nos setores farmacêutico (de R$ 189,04 mil para R$ 223,587 milhões), químico (de R$ 35,724 milhões para R$ 166,380 milhões, alta de 365,74%) e biocombustíveis (de R$ 3,231 milhões para R$ 121,138 milhões, aumento de 37,5 vezes). Somados, esses segmentos explicam 91,3% da expansão dos desembolsos industriais.