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domingo, 21 de dezembro de 2025
NEGOCIOS

Mercado de brechós deve movimentar até US$ 360 bilhões até 2030

40% dos jovens brasileiros já consomem roupas de segunda mão em brechós

Otavio Augustopor Otavio Augusto em 20 de novembro de 2025
Brecho como precificar
Setor de brechós cresce acima de 20% ao ano no país. Foto: Divulgação

O mercado de brechós vive uma expansão inédita no Brasil. O que antes era visto como sinônimo de roupas antigas se transformou em um setor profissionalizado, lucrativo e estratégico para o varejo. A busca por peças únicas, o aumento da consciência ambiental e a influência das redes sociais colocaram o segmento de segunda mão entre os mais dinâmicos da moda, especialmente entre jovens consumidores. Estimativas internacionais apontam que o setor deve crescer duas vezes mais rápido que o varejo tradicional até 2030, consolidando-se como uma das principais tendências de consumo da década.

A explosão da moda retrô

A estética das décadas de 80, 90 e 2000 impulsiona a demanda por peças que não são mais produzidas, o que coloca os brechós como fontes exclusivas de estilo. Curadorias de jeans de cintura alta, saias midi, jaquetas oversized e alfaiataria vintage movimentam vitrines físicas e digitais. A valorização da originalidade também se reflete no comportamento do consumidor: segundo pesquisa do Boston Consulting Group, 40% dos brasileiros entre 15 e 35 anos possuem peças usadas no guarda-roupa, índice acima da média global.

Esse movimento já alcança passarelas e grandes marcas. A última edição do São Paulo Fashion Week dedicou um desfile inteiro à moda reciclada, reforçando a legitimidade da tendência — um marco para um setor antes considerado alternativo.

brechós
Crescimento do setor de brechós supera o de grandes redes de fast fashion. Foto: Divulgação

Sustentabilidade como eixo central dos brechós

O impacto ambiental da indústria têxtil é hoje um dos motores da mudança. Roupas são responsáveis por grandes volumes de emissão de CO₂ e toneladas de resíduos descartados anualmente. No Brasil, estudos de entidades ambientais apontam que mais de 170 mil toneladas de resíduos têxteis são descartadas por ano, a maior parte sem reciclagem. Nesse cenário, comprar em brechós prolonga o ciclo de vida das peças e reduz significativamente o descarte.

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A consultora de moda sustentável Juliana Diniz destaca que a moda de segunda mão “não é mais um nicho ecológico, mas parte da rotina de consumo de quem busca responsabilidade ambiental sem abrir mão do estilo”. Segundo ela, o brechó representa a forma mais acessível de aderir à economia circular.

Digitalização acelera os negócios

O mercado também cresce pela força das redes sociais. Perfis no Instagram e TikTok transformaram o garimpo em conteúdo, movimentando milhares de visualizações e criando uma nova categoria de influenciadores especializados. Plataformas digitais permitem vendas rápidas, atendimento personalizado e alcance nacional.

Relatório da ThredUp — referência internacional do setor — aponta que o comércio online de itens de segunda mão cresce até 15 vezes mais rápido que as lojas físicas. No Brasil, empreendedores ampliaram operações criando “vitrines virtuais”, lives de vendas e sistemas de curadoria sob encomenda.

Achadinhos de brecho 5 opcoes incriveis de brecho no centro de Sao Paulo
Foto: Divulgação

Um mercado bilionário em ascensão

O setor movimenta cifras expressivas. Estimativas globais indicam que os brechós devem gerar entre US$ 320 bilhões e US$ 360 bilhões até 2030, puxados principalmente pela geração Z. No Brasil, ainda que não existam números consolidados, associações de varejo projetam que o segmento já cresce acima de 20% ao ano, muito acima da média do comércio de moda tradicional.

Economistas apontam que o segmento se beneficia da combinação entre preços acessíveis, margem de lucro atrativa e baixo custo de operação. Para muitos empreendedores, o brechó representa oportunidade de formalização e renda estável. As lojas físicas também se expandem em capitais como São Paulo, Belo Horizonte, Goiânia e Recife, onde o fluxo turístico incentiva o consumo.

Por que o consumidor migra para o usado

Três fatores sustentam o avanço do setor: autenticidade, consciência ambiental e economia. Peças usadas oferecem estilo exclusivo, fogem do padrão das grandes redes e permitem acesso a marcas famosas por valores mais baixos. A economista Helena Arantes resume: “O brechó atende ao desejo do consumidor moderno de economizar sem perder qualidade, e ainda entrega propósito”.

Pesquisadores afirmam que a tendência não é passageira. Com novas gerações mais sensíveis ao impacto ambiental e ao consumo consciente, o mercado deve se consolidar como parte permanente do ecossistema da moda brasileira.

 

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