O mercado de viagens corporativas no Brasil segue em ritmo acelerado e caminha para registrar o melhor desempenho de sua história em 2025. Dados da Associação Brasileira de Agências de Viagens Corporativas (Abracorp) mostram que, somente em outubro, o setor movimentou R$ 1,34 bilhão, aumento de 5,33% em relação ao mesmo mês de 2024. O avanço ocorre mesmo diante de tarifas aéreas mais altas e reflete a demanda crescente por deslocamentos profissionais em empresas de diversos segmentos.

Serviços aéreos e hotelaria puxam o crescimento das viagens

O levantamento acompanha 11 categorias do setor. Entre elas, os serviços aéreos seguem como o principal componente do faturamento, somando R$ 785,4 milhões, o equivalente mais de 58% do total. A hotelaria também manteve expansão expressiva e alcançou R$ 413,1 milhões, alta de 8,91% no comparativo anual — impulsionada por maior ocupação e valorização das tarifas.

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Outros segmentos tiveram desempenho positivo, como o transporte rodoviário, que cresceu 18,10% e chegou a R$ 6,38 milhões, e a locação de veículos, que avançou 3,63%, com faturamento de R$ 35 milhões. Já os cruzeiros corporativos foram o destaque percentual do mês: o faturamento saltou de R$ 131 mil para R$ 832,7 mil, aumento superior a 535%, estimulado pela antecipação da temporada e pelo interesse de empresas em alternativas de eventos e viagens de relacionamento. Serviços complementares, como transfers e seguros, também registraram avanço, enquanto pacotes de lazer e solicitações de visto apresentaram retração.

Setor deve superar R$ 14,3 bilhões em 2025

A Abracorp projeta que o mercado deve ultrapassar R$ 14,3 bilhões em faturamento até o fim de 2025, consolidando um recorde histórico. O acumulado de janeiro a setembro já havia alcançado mais de R$ 10 bilhões, sustentado pela retomada das viagens internacionais, pela realização de eventos presenciais e pela intensificação do calendário de negócios no segundo semestre.

Outro indicador que reforça o bom momento do setor é o desempenho do terceiro trimestre de 2025, quando as viagens corporativas movimentaram R$ 3,7 bilhões, alta de 6,72% em relação ao mesmo período de 2024. O resultado mostra que a expansão não tem sido pontual, mas consistente ao longo do ano. Além das viagens tradicionais, cresce também a demanda por deslocamentos regionais e rotas secundárias, favorecendo o transporte rodoviário e ampliando o alcance das operações das agências especializadas. Essa diversificação ajuda a reduzir a dependência de grandes centros e fortalece mercados antes pouco explorados.

Além disso, a cadeia produtiva ligada às viagens corporativas — que engloba companhias aéreas, hotéis, locadoras, seguradoras, transportadoras e empresas de tecnologia — vem ampliando investimentos para atender a um consumidor cada vez mais exigente. Soluções digitais avançadas, como plataformas de gestão integrada, analytics para redução de custos e ferramentas de conformidade, tornam-se indispensáveis para empresas que buscam eficiência e previsibilidade nos deslocamentos. Esse movimento acelera a profissionalização do setor e aproxima o mercado brasileiro de padrões internacionais de governança e controle de despesas.

Retomada impulsionada por eventos e exigências das empresas

A recuperação das viagens corporativas está associada à volta plena de feiras, congressos, reuniões e eventos empresariais. Embora o ambiente digital tenha ganhado espaço na pandemia, as empresas voltaram a priorizar o contato presencial como estratégia para negócios, projeção institucional e relacionamento com clientes e fornecedores.

Além disso, cresce a demanda por soluções integradas, como gestão de deslocamento, hospedagem, locação de veículos e suporte logístico — fatores que impulsionam a contratação de serviços especializados e expandem a atuação das agências corporativas.

Estabilidade econômica será determinante

Para manter o ritmo de crescimento, o setor dependerá da estabilidade econômica, da política tarifária das companhias aéreas e da oferta de serviços alinhados às necessidades de custo-benefício das empresas. A volatilidade cambial, a imprevisibilidade de cenários internacionais e a pressão sobre preços são variáveis que podem impactar as decisões de viagem.

Ainda assim, o setor vive um dos melhores momentos dos últimos anos. O desempenho de outubro reforça a maturidade do mercado, que deixou de ser visto apenas como custo e passou a ser encarado como investimento estratégico — capaz de abrir portas para novos negócios, fortalecer relações comerciais e ampliar a presença das empresas no mercado nacional e internacional.

Com projeções otimistas e demanda aquecida, o segmento de viagens corporativas deve encerrar 2025 como um dos pilares da economia de serviços no país, movimentando cadeias produtivas inteiras e consolidando-se como área-chave da dinâmica empresarial contemporânea.