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sexta-feira, 5 de dezembro de 2025
Prorrogação

Mabel insiste em calamidade, mas projeto quer suspensão antes do fim do ano

Prefeito aposta na CCJ para barrar proposta do deputado Clécio Alves que antecipa fim do decreto

Bruno Goulartpor Bruno Goulart em 28 de novembro de 2025
Mabel insiste em calamidade, mas projeto quer suspensão antes do fim do ano
Enquanto avalia a possibilidade de pedir a prorrogação da calamidade, Mabel lida com oposição na Alego. Foto: Alex Malheiros

Bruno Goulart

O impasse em torno da calamidade financeira decretada pela Prefeitura de Goiânia voltou ao centro das tensões políticas no Estado. Enquanto o prefeito Sandro Mabel (União Brasil) defende que o regime emergencial permaneça vigente até 31 de dezembro, como previsto originalmente, e ainda ventila a possibilidade de ser prorrogado por mais seis meses, um projeto que tramita na Assembleia Legislativa de Goiás (Alego) tenta encerrar a medida de forma antecipada. A proposta, apresentada pelo deputado Clécio Alves (Republicanos), deve ser analisada pela Comissão de Constituição e Justiça (CCJ) na próxima semana e já mobiliza a base e a oposição.

A controvérsia se intensificou depois de a Alego aprovar por unanimidade, na semana passada,  um requerimento que cobra da prefeitura documentos que comprovassem, no prazo de 24 horas, os fundamentos financeiros que sustentam a continuidade da calamidade. Sem resposta do Paço, o deputado Clécio Alves, maior voz da oposição ao prefeito, apresentou um projeto de decreto legislativo para suspender o status emergencial, que, pelas regras atuais, se encerra apenas em 31 de dezembro.

Para Clécio, os argumentos usados pelo Executivo não se sustentam mais. O parlamentar afirma que não há endividamento fora do controle nem risco de colapso nas contas públicas, cenário que teria sido utilizado para justificar o decreto enviado ao Legislativo no início do ano. Ao O HOJE, o deputado foi categórico ao dizer que “a calamidade nunca existiu” e lembrou que tanto o Tribunal de Contas dos Municípios (TCM-GO) quanto o Ministério Público de Contas (MPC-GO) já haviam se manifestado contra novas prorrogações.

De acordo com o parlamentar, a manutenção da calamidade tem permitido que a gestão atrase obrigações e reduza compromissos. Clécio cita como exemplo o não pagamento da data-base dos servidores da Educação e a ausência de repasses para o subsídio do transporte coletivo da Capital desde janeiro, o que, segundo o deputado, pode resultar em aumento da tarifa de ônibus. “É um cheque em branco para governar, e é isso que ele quer”, afirmou o opositor de Mabel ao defender aprovação unânime de seu projeto caso os parlamentares ajam com “responsabilidade”.

Leia mais: Sandro Mabel ameaça fechar o Imas após novo modelo de gestão: “Se não funcionar, vamos encerrar o plano”

A crítica também ecoa em setores da esquerda. O deputado Mauro Rubem (PT) avalia que não há mais espaço para manter o município sob calamidade após quase um ano de gestão. O petista aponta piora em áreas como a Educação, ao citar dez unidades que, segundo Mauro, correm risco de fechamento. “O que precisamos é que a prefeitura assuma suas responsabilidades. A bancada do PT votará com o projeto de Clécio Alves”, disse ao O HOJE.

Base governista

Mesmo diante da resistência da oposição e dos pareceres negativos dos órgãos de controle, a base governista segue mobilizada para impedir a derrubada antecipada da calamidade. O líder do governo na Alego, Talles Barreto (UB), assegurou que continuará a trabalhar para que o decreto permaneça válido até o fim do ano, quando perde automaticamente seus efeitos. “Sou contra o projeto. Vamos manter o decreto até 31 de dezembro”, afirmou. Questionado se é a favor de estender a calamidade, o parlamentar não respondeu.

Em maio, o TCM-GO recomendou formalmente que a Assembleia não concedesse nova prorrogação da calamidade, ao indicar que o Paço não apresentou dados suficientes para justificar a medida. O MPC-GO reforçou o entendimento ao apontar a “inexistência de elementos concretos” que caracterizassem situação excepcional.

Procuradas pela reportagem, as secretarias municipais da Fazenda (Sefaz), da Saúde (SMS) e a Procuradoria-Geral do Município (PGM) não quiseram se manifestar sobre o assunto. (Especial para O HOJE)

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