O continente é do Flamengo em 2025
Em Lima, o Flamengo não apenas ergueu sua quarta taça: reafirmou sua condição de referência máxima do futebol sul-americano
Em Lima, diante do rival que mais desafiou sua hegemonia na última década, o Flamengo não apenas venceu: impôs uma superioridade técnica e emocional que afasta qualquer dúvida sobre quem domina o futebol sul-americano hoje. A vitória por 1 a 0 sobre o Palmeiras, com gol de Danilo, coroou uma campanha de enfrentamentos duros, ajustes táticos milimétricos e um amadurecimento coletivo que já permite falar em “era Filipe Luís” no continente.
A narrativa de revanche — desde a final perdida em 2021, naquela mesma trave do Monumental — entrou em campo, mas não pesou. O Flamengo foi senhor dos 20 minutos iniciais, ocupou o campo ofensivo, empurrou o Palmeiras para trás e criou chances que poderiam ter mudado a história antes do intervalo. Embora o jogo tenha ganhado contornos mais truncados na reta final do primeiro tempo, o Rubro-Negro sempre esteve mais próximo do controle do que do risco.
Domínio rubro negro
Se finais são marcadas por nervosismo, interrupções e batalhas táticas, a decisão de 2025 deixa claro: o Flamengo foi o único dos dois finalistas que apresentou mecanismos sólidos para vencer. Filipe Luís montou uma equipe com comportamento repetido e reconhecível. Do encaixe dos pontas ao uso sistemático dos lados do campo, passando pelas dinâmicas de Pulgar e Jorginho organizando a saída, o time mostrou que não depende apenas do talento de seus astros — ele funciona como engrenagem.
A chave ofensiva estava nos movimentos de Bruno Henrique em profundidade, sempre atacando o espaço gerado pelos três zagueiros palmeirenses. Foi assim que nasceu a jogada que gerou o escanteio do gol decisivo. No detalhe, no método e na repetição, o Flamengo encontrou sua superioridade. Arrascaeta, o cérebro do time e talvez o jogador mais dominante do continente, colocou na cabeça de Danilo a bola que selou o tetracampeonato.
Há simbolismo nesse gol. Danilo, já bicampeão da Champions antes de vestir a camisa rubro-negra, marca na final do time do coração e grava seu nome ao lado de Zico e Gabigol como autores de gols em decisões de Libertadores. A imagem do volante subindo como um condor diante da multidão rubro-negra é a síntese da nova fase do clube: talento individual lapidado por um sistema que potencializa cada peça.
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O Palmeiras, por sua vez, viveu uma final de limitações. Faltou repertório ofensivo, sobrou previsibilidade. A equipe de Abel Ferreira até ensaiou pressão nos minutos finais, mas pouco ameaçou Rossi, e parecia sempre à espera de um erro rubro-negro que não veio.
O que se viu no Monumental foi menos sobre brilho e mais sobre maturidade. Flamengo venceu porque sabe vencer finais, um aspecto que há muito pertence ao seu DNA continental. Desde 2019, são três Libertadores e uma reformulação profunda que tornou o clube uma potência estruturada, dentro e fora de campo.
Continente rubro negro
Em Lima, o Flamengo não apenas ergueu sua quarta taça: reafirmou sua condição de referência máxima do futebol sul-americano. Mostrou método, controle emocional e a convicção de quem sabe que está em outro patamar — não como jargão, mas como realidade competitiva. No território dos incas, ergueu mais um capítulo de seu império. E já não há quem duvide: o Flamengo é dono da América, e indica que esse domínio pode durar mais do que seus rivais gostariam.